
14/11/07
Generalizações
Tendemos sempre a generalizar.
Veja, é mais fácil pensar que se um homem
trai, todos traem também, assim nos preparamos sempre
e continuamente para o pior e nos consolamos quando o nosso
par não segue a regra geral. Estabelecemos regras
inúteis e burlamos nossos sentimentos achando que
é o certo, quando na verdade deveríamos viver
mais livres dessas amarras imaginárias. Tendemos
a gostar de tempestades, gostamos de olhar para nossos próprios
umbigos, de canalizar os sentimentos na direção
que o humor ou o estado das coisas conduzem. Então,
se estamos tristes porque um pingo de vinho manchou nosso
vestido branquinho, esquecemos de tudo o que nos divertimos
e das gargalhadas que demos durante toda a festa.
Assim acontece com nossa vida.
Durante o trajeto terrestre nos deparamos com n
coisas que nos fazem desistir, que não nos deixam
prosseguir rumo às nossas metas e ambições.
Desistimos porque temos medo de tentar, porque o fracasso
nos assusta, porque no fundo não sabemos perder e
o que importa é sempre vencer. Não gostamos
de assumir para nós mesmos que não deu certo,
que o que planejamos não dará mais para viver,
que quem hoje estava aqui não está mais e
talvez não esteja nunca mais. O ser humano é
egocêntrico, ainda que seja benevolente. Concentra
em si suas dores e soma a elas as dores do mundo e pronto:
o liquidificador do equilíbrio se desfaz, entramos
em turbulência.
Quando pequenos sonhamos com
o quão grande queremos ser. Fazemos um ensaio mental,
nos vemos fazendo mil e um cursos, obtendo títulos,
construindo um lar feliz, viajando pelo mundo... Realizados.
Mas basta apenas subirmos o primeiro degrau para percebemos
que o caminho é árduo, que é preciso
esforço, suor e o principal vontade. Se tivéssemos
um pouquinho mais de vontade ainda teríamos força
para mudar o que não está certo, para renovar
o que já está velho... Teríamos ânimo
para cultivar novos amores, conhecer outros e doces sabores,
muitos escondidos por detrás do que nem mesmo tentamos
encontrar. A vida vale a pena, ainda que ela esteja fora
do prumo.
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Patrícia Caldas
é uma carioca que ama Belo Horizonte, mas não
abre mão das lindas praias da cidade maravilhosa.
Sua alegria está em escrever e gritar para os quatro
cantos do mundo suas verdades. Além de ter esperanças
de um mundo melhor, ser irônica e perspicaz, é
jornalista. Escreve todas as quartas-feiras na coluna Diz
Tudo. E-mail: p.jornalista@gmail.com
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