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Ao olhar o relógio percebeu quanto tempo havia se passado, mas já não sabia mais em que tempo estava, a que tempo pertencia, se é que algum dia o tempo lhe pertenceu.

 
 

02/03/08
Tempo, o elixir da vida

Ao olhar o relógio percebeu quanto tempo havia se passado, mas já não sabia mais em que tempo estava, a que tempo pertencia, se é que algum dia o tempo lhe pertenceu. Deparou-se então com um espelho e naquele instante assustou-se com a imagem refletida. Como pudera se maltratar tanto assim? Como pôde por tanto tempo esquecer-se de si mesma! Agora era tarde. As rugas cobriam-lhe a face e o olhar dos amantes apaixonados já não havia mais. O tempo a perdera e ela havia se perdido de si mesma. O instante então parou. A imagem no tempo se congelou. Parara nem sabia direito por quê. Os olhos então se encheram de lágrimas. O tempo havia levado os momentos e roubado a oportunidade de se errar mais vezes, de se acertar tantas outras. Restou-lhe apenas a saudade do que não vivera. Restou-lhe esperar que o tempo terminasse o seu serviço.

Por tantas vezes nos deixamos de lado em prol de atividades que sobrevivem sem nós. Achamos-nos insubstituíveis. Não delegamos autoridade, tarefas e poder por medo, insegurança. Por que no fundo achamos que aquilo que fazemos é sempre o melhor. Preferimos por vezes carregar o mundo nas costas. Fazemos mil e uma coisas simultaneamente e deixamos que o tempo conduza nossa vida. Perdemos a rédea e nem nos demos conta. Deixamos-nos levar pelas oportunidades que surgem. Não questionamos mais nada, apenas aceitamos. E assim levamos a vida, empurrando-a com a barriga e deixando que o tempo se encarregue de viver por nós. Deixamos assim os pores-do-sol de lado. Não sabemos mais apreciar. Não entendemos o que é isso, nem temos tempo suficiente para tal.

Vida controversa, que segue sem dó nem piedade. Nada pára para que nos consertemos, para que encontremos o rumo novamente. Feridos ou machucados temos que levantar e encarar a luz do dia na face. Temos que encontrar o brilho da vida neste labirinto sem fim e comprido que é viver. Nem sempre é fácil, nem sempre estamos dispostos a encarar a realidade, nem sempre temos força. Mas o mundo não pára e o tempo não perdoa. É preciso recuperar as rédeas. É possível seguir outros caminhos. É possível criar outro fim. Ainda que seja mais difícil, vale a pena recomeçar. Vale a pena sorrir. Vale a pena acreditar em si mesmo de novo. Vale a pena. Não deixe que o tempo lhe consuma os sonhos. Viva-os intensamente para que depois, quando você achar que já não há mais nada a ser feito, você descubra que sempre vale a pena recomeçar. Não importa onde e em que tempo você parou. Recomeçar é encontrar forças onde não se tem. É dar-se a chance de ser feliz de novo. É redescobrir o arco-íris. É encontrar um pote de ouro. É sorrir na adversidade. É chorar de alegria. É apenas viver.

 


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Patrícia Caldas é uma carioca que ama Belo Horizonte, mas não abre mão das lindas praias da cidade maravilhosa. Sua alegria está em escrever e gritar para os quatro cantos do mundo suas verdades. Além de ter esperanças de um mundo melhor, ser irônica e perspicaz, é jornalista. Escreve todas as quartas-feiras na coluna Diz Tudo. E-mail: p.jornalista@gmail.com

   
 

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