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Quarta-feira - 18/04/07

E o Rio continua lindo

São tantas “luzinhas”, que até parece uma árvore de Natal gigante. Por onde você passar lá tem um monte delas. Estão por todas as partes, em todos os cantos, refletindo uma triste realidade: a miséria. Por trás das inúmeras belezas da cidade maravilhosa, as favelas se multiplicam tal qual um bando de formigas no açucareiro.

E dá pena ver aquele povo subindo as ladeiras. Uns trazem sacolas nas mãos. Outros, pedras. E tem quem carregue AR-15, fuzil, as de calibre 12, 28... São tantas histórias, cores, tipos, formas! E cada uma traz consigo uma expressão diferente. De fome. Tristeza. Revolta. Sofrimento. Angústia. Medo. Ódio. Inveja.

Talvez o que eles sintam que seja pior é o preconceito, porque nem todo mundo que mora na favela é bandido, ainda que quase todo bandido more na favela. E dá raiva, porque eles, bandidos, não se preocupam com as confusões que trazem para a comunidade. Colocam em risco quem precisa, por opção ou não, morar ali. Vivemos numa guerra que nunca tem vencedor. E tem quem pense que essas coisas só acontecem no Rio... Antes fosse! O mundo está uma bagunça e não há ninguém que consiga por ordem neste poleiro.

Refletir sobre o sofrimento humano dói em mim. Dói ver que isso não importa para quem está no poder. Importa sim no momento das eleições, enquanto eles precisam de todos, até dos favelados, para chegarem ao topo. Mas depois? Que se danem esses fedorentos! E que de preferência, não me assaltem, nem seqüestrem ninguém da minha família! É assim. Infelizmente. O que podemos esperar da nossa pátria amada? Somos frutos do colonialismo a que fomos sujeitos, do escravismo, da dependência de países desenvolvidos. Somos uns merdas. Vale a pena “lutar a própria morte ou morrer pelo Brasil”?

Tenho pena de quem mora no alto, naqueles barracos úmidos, com cheiro de mofo. São cubículos apertados onde habitam 10 quando na verdade caberiam apenas três. E mesmo em condições subumanas, há quem acredite que pode crescer com os estudos. E olha que por aqui tem escola que nem começou o ano letivo! Por que? Por falta de professores. É vergonhoso.

Quase sempre o que se ouve por aqui não é som de passarinho na janela. São os tiroteios sem fim. Metralhadoras compõem a orquestra que toca continuamente nas ruas desta cidade abençoada pelo Cristo Redentor. É assim a vida por aqui. Dá medo. Assusta. E a culpa é de quem? Ta na hora de mudar essa situação. Ta na hora de termos condições dignas de moradia, saúde, emprego. Ta na hora de votar certo, com consciência. Chega de sermos prisioneiros. Do jeito que ta, não dá!



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Patrícia Caldas é uma carioca que ama Belo Horizonte, mas não abre mão das lindas praias da cidade maravilhosa. Sua alegria está em escrever e gritar para os quatro cantos do mundo suas verdades. Além de ter esperanças de um mundo melhor, ser irônica e perspicaz, é jornalista. Escreve todas as quartas-feiras na coluna Diz Tudo. E-mail: p.jornalista@gmail.com

 

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