
Quarta-feira
- 06/06/07
Apenas um ponto e vírgula
Das
dores que trago é a saudade a mais dolorida. Dói
mais que dor de dente, que pedra no sapato, que unha encravada,
que estômago faminto e dor de parto. Dói mais e não
tem remédio disponível no mundo que a faça
melhorar. Não há nada que, em curto prazo, possa
ser feito para que a dor seja mais amena. Saudade dói e
muito. Dói de rasgar o peito, de sangrar o coração.
E quando a gente pensa que pode escapar dela... Já era!
Não tem jeito, ela sempre chega sem avisar e custa a ir
embora.
Somos saudosistas por natureza. Quem
nunca ouviu dizer que no tempo dos nossos pais tudo era diferente?
Ou que antigamente era mais tranqüilo sair às ruas?
Quem nunca sentiu saudade de um amor que se foi ou de alguém
especial que não iremos ver nunca mais? Sentimos saudade
porque não podemos voltar no tempo, porque não temos
controle sobre o destino. Sentimos saudade porque somos apegados,
porque sentimos falta de algo que um dia tivemos, mas hoje não
está mais ao alcance de nossas mãos.
Saudade é um não saber
que incomoda a alma, que atormenta o sono. É uma constante
busca em vão. É um vazio repleto de sentimentos
que nos acompanha aonde quer estejamos. E nas idas e vindas a
carregamos conosco, deixando sempre um rastro por onde passamos.
Estamos habituados a querer sempre
o ponto final em tudo na vida, mas a saudade insiste em sempre
ser apenas um ponto e vírgula. Engana-se quem pensa que
ter saudade é ter apenas um sentimento qualquer. Sentir
faz parte do ser humano, mas sentir saudade é para poucos.
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Patrícia Caldas é uma carioca que ama Belo Horizonte, mas não abre mão das lindas praias da cidade maravilhosa. Sua alegria está em escrever e gritar para os quatro cantos do mundo suas verdades. Além de ter esperanças de um mundo melhor, ser irônica e perspicaz, é jornalista. Escreve todas as quartas-feiras na coluna Diz Tudo. E-mail: p.jornalista@gmail.com |