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05/09/07
Tropa de Elite, o filme do
ano
Tropa de Elite ainda nem estreou
nas telas dos cinemas, mas poucos são aqueles que
ainda não viram ou ouviram falar do filme de José
Padilha sobre o Bope. Com cenas de ação e
um diálogo muito bem escrito, o filme se passa num
dos cenários mais comuns e populares do Rio: as favelas.
Protagonizado pelo ator Wagner Moura, que faz o Olavo na
novela Paraíso Tropical, da TV Globo, Tropa de Elite
mostra uma polícia corrupta, cujos membros da corporação
cometem atos desmedidos de violência. Quem tem “frescurite”
aguda saiba que é bem pior que Carandiru e Cidade
de Deus. Digo em relação às cenas fortes
e violentas, porque Tropa de Elite é num todo sensacional.
Não tem aquela apelação erótica
que costumávamos ver nas produções
brasileiras. O filme tem foco e isso é interessante.
Não, minha intenção
aqui não é contar todo o filme, dissertar
sobre a iluminação, continuidade e demais
coisas de cinema que nem entendo direito, inclusive nem
poderia falar muito porque não o vi. Não faria
uma coisa feia dessas de contribuir com a pirataria, mas
soube que o governador Sérgio Cabral viu e parece
não ter gostado muito. Também com uma polícia
dessas como o filme revela fica difícil saber de
quem temos mais medo. Uma polícia ávida por
dinheiro, que passa para recolher a propina dos bicheiros,
que é paga para dar segurança, quando na verdade
é essa sua única e exclusiva função.
Uma polícia prostituída, podre. Dá
nojo.
Ao mesmo tempo confesso que
dá orgulho em ver o Bope, o Batalhão de Operações
Especiais da Polícia Militar. Não, eles não
são santos. Pelo contrário, são “caveiras”,
são preparados para guerra, entram para matar mesmo.
Quando a PM não dá conta eles são chamados.
Sobem o morro com farda preta e de fuzil na mão e
a “bandidagem” sabe que com eles o “buraco
é mais embaixo”. Mas são diferentes.
Por quê? Porque eles não se corrompem. Esta
visão reconfortante, de que ainda existe uma polícia
em quem podemos confiar nos devolve um pouco a esperança
de que um dia a situação caótica desse
Rio pode mudar.
Tropa de Elite é sim
o filme do ano. Uma produção brasileira que
nada mais é que um retrato em preto e branco da capital
do samba e futebol. O fato de o filme ter vazado e caído
na pirataria, sem nem ao menos ter sido lançado,
acredito que não prejudicará em nada a bilheteria
de Tropa de Elite, porque uma coisa eu garanto: quem viu
certamente vai ver de novo.
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Patrícia Caldas
é uma carioca que ama Belo Horizonte, mas não
abre mão das lindas praias da cidade maravilhosa.
Sua alegria está em escrever e gritar para os quatro
cantos do mundo suas verdades. Além de ter esperanças
de um mundo melhor, ser irônica e perspicaz, é
jornalista. Escreve todas as quartas-feiras na coluna Diz
Tudo. E-mail: p.jornalista@gmail.com
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