
04/08/08
Rio faroeste
Vivemos uma guerra,
não há dúvidas. Um verdadeiro bang-bang,
em que não dá para confiar em ninguém.
Este mês assustou-me um pouco mais. Inocentes mortos.
Sangue no chão. Filhos vendo seus pais morrerem a
troco de nada, pelo simples despreparo da polícia.
Uma polícia que chega atirando, sem saber qual é
o alvo. Uma polícia criminosa, suja, mal paga. A
pergunta que fica é: por que então ser um
policial? Os riscos são imensos e, em muitos momentos,
é preciso decidir entre viver ou matar. E para que
se arriscar por tão pouco? Para que carregar tantas
mortes nas costas se seu salário é de fome?
Se não por amor à profissão, qual o
motivo? Há tantas outras coisas a serem feitas, por
que então vestir uma farda? Não dá
para confiar em ninguém, muito menos naqueles que
estão aqui para nos proteger.
Pego os jornais e eles
sangram. São relatos diários de uma cidade
em guerra. E o cômico da história é
que estou no meio do faroeste, e penso que um dia poderei
ser eu o presunto estendido no chão. Os fatos acontecem
ao meu lado e nada posso fazer para mudá-los, a não
ser expor em meras e delicadas linhas minha imensa insatisfação
e indignação com tudo e todos. Temos um governo
que aprendeu que política de segurança é
matar todo mundo. Um secretário que apóia
policiais desastrosos e que pede desculpas às vítimas
pelas suas trapalhadas. Mas o fato é que isso acontecerá
até o dia em que ele mesmo for o defunto do noticiário.
Será que precisaremos
esperar este dia? Será que novas vidas serão
dizimadas a troco de nada? É preciso uma mudança
urgente nos conceitos de Segurança Pública.
Vivemos atemorizados, angustiados. O carioca está
cansado de se expor a encenação dos que dizem
estar no caminho certo do combate ao tráfico e ao
crime. Enquanto as autoridades não entenderem que
tiro e bala não são suficientes, viveremos
este caos. É preciso dar educação ao
povo, dignidade, moradia, emprego. Em pouco tempo seremos
engolidos. É preciso que haja uma mudança
extrema e que todos se mobilizem. O Rio está em guerra
e nela somos todos a próxima vítima.
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Patrícia Caldas
é uma carioca que ama Belo Horizonte, mas não
abre mão das lindas praias da cidade maravilhosa.
Sua alegria está em escrever e gritar para os quatro
cantos do mundo suas verdades. Além de ter esperanças
de um mundo melhor, ser irônica e perspicaz, é
jornalista. Escreve todas as quartas-feiras na coluna Diz
Tudo. E-mail: p.jornalista@gmail.com
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