
13/02/08
Recorrendo
à mitologia
Há um trecho interessante
na mitologia grega, o que trata da união entre os
deuses do olimpo. Se não me falha a memória,
mas se falhar não faz diferença, Zeus (deus
dos deuses) proibia seus discípulos de se relacionarem.
Caso isso acontecesse, poderiam ser sujeitos a uma dura
pena, que seria a seguinte: o fruto da relação
entre deuses originaria um monstro, uma aberração.
E foi o que aconteceu quando Hermes trapaceou para conseguir
se relacionar com Afrodite. O filho deles nasceu com os
dois sexos, e foi batizado de Hermafrodite, ou algo parecido,
o que originou a terminologia hermafrodita, para nomear
o sujeito que nasce com ambos os sexos.
Na política mineira,
está em gestação algo semelhante. Falo
da provável aliança entre PT e PSDB nas eleições
municipais de Belo Horizonte, com vistas ao pleito de 2010.
Não que os dois partidos irão se unir, formando
um eventual Partido do Trabalhador Social Democrata Brasileiro
(PTSDB). Mas o fruto da aliança entre os dois é
algo que me preocupa, que assusta. Os gritos mais agudos
de rejeição partem dos Democratas-DEM, que
têm histórico de alianças com o PSDB.
Nomes influentes da legenda em Minas, tais como do senador
Eliseu Resende e do deputado estadual Gustavo Valadares,
presidente do partido em Belo Horizonte, já se manifestaram
contrários. O ex-PFL, aliás, deverá
lançar um candidato independente à PBH, pensando
em coligações apenas em um eventual segundo
turno.
Essa tentativa de manter uma
harmonia administrativa entre prefeitura da capital e governo
do Estado foi rejeitada pelo PMDB, que não descarta
a criação de uma grande chapa em parceria
com o próprio DEM na disputa. O bloco alternativo
à união PT/PSDB teria ainda participação
de outras legendas, e depende de entendimentos sobre qual
encabeçará a chapa para que seja concretizado.
Em entrevista recente à
revista Istoé, o prefeito de BH, Fernando
Pimentel (PT), defendeu a criação de uma aliança
de centro-esquerda entre seu partido e o PSDB para governar
o país. Defensores desse pensamento apregoam que
o ideal que originou ambas as legendas é o mesmo,
ou seja, uma mesma ideologia social-democrata, seja lá
o que isso queira dizer. No entanto, há muita gente
que rebate essa idéia, como a deputada federal Jô
Morais do PCdoB, que disse que os projetos tucano e petista
são totalmente diferentes e antagônicos.
Jô foi além e disse que com a aliança
entre os dois partidos, um deles teria que abrir mão
de seus projetos, traindo a confiança de milhões
de brasileiros que confiaram neles. Concordo com ela, e
assim fico mais ainda sem entender por que tal proposição
ganha mais força a cada dia.
Essa aliança chamada
de revolucionária teria que passar pelo crivo dos
caciques nacionais, tanto petistas quanto tucanos. Duvido
que o senador Arthur Virgilio (PSDB/AM) abençoaria.
De qualquer forma, pelos lados de cá, as negociações
seguem a pleno vapor. Já se fala até no nome
para selar a união. Trata-se do secretário
de Estado de Desenvolvimento Econômico, Márcio
Lacerda (PSB), que já teria sido aprovado até
mesmo pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Bom, mais uma vez reitero minha rejeição,
reforçando que temo o que pode nascer desse casamento
arranjado.
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2007
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Orozimbo Souza Júnior é jornalista, assessor de imprensa e pós-graduando
em Comunicação Política. Escreve todas
as quartas-feiras. E-mail: souzajunior1@yahoo.com.br.
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