
19/11/08
A língua
de Maria
Graça, estilo e pouca simpatia. Maria, mulher de
corpo, menina sem jeito, mostra o que tem e fala o que não
tem. A língua, o gosto, que gosta da língua.
A língua na língua, que entra e que sai, que
fala e não diz que diz e não fala. Uma língua
que vale a boca que tem.
A língua que
ela fala, o que fala com a língua. Maria e a língua.
O vocábulo que usa, a letra, o símbolo, pontos
e acentos. Maria sem norma, sem regra e sem língua.
Que escreve da língua, estilo que marca, que grafa,
que apaga que escuta e não ouve.
Maria brinca, molha,
aquece e enlouquece. O que ela faz com a língua?
Te deixa mole. Te aquece, esfria, envolve?
Grande ou pequena talvez,
que xinga, berra, que peca e denuncia. Maria, que língua!
Com ela solta sons,
com ela solta sílabas. Com ela te degustas, com ela
te salivas. Que língua que nada, que nada que tudo,
que cospe e beija, que lambe e excita. Maria, que língua!
Com a língua
sente o doce, com a língua conhece o sal. Maria que
prova e aprova o azedo, vibra e sorve o amargo. Com ela
não tem hora com ela não tem vez. A língua
de Maria. Mulher com língua, mulher sem corpo.
Que estilo que nada,
que graça que tudo, que fazes com a língua,
com ela assombra o mundo.
Maria que mata, que
vive e que afaga. Meu Deus! Tudo com a língua! Indecente,
talvez, roça o corpo, sem critério nenhum
roça a língua.
Maria e a língua.
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Nisdey Araújo é formada em
Letras e pós-graduada em Revisão de Textos
pela Puc Minas. Gosta de revistas, internet, música,
letras, dançar e muito, muito, chocolate.
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