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14/05/08
Sobre o amargo
Ora. Por hora. Ora,
ora. ORA por hora madame. Cobra a hora. Cobra. Cobra. Cobra
a hora e ora. Liga o taxímetro e cobra, Cobra! Balança
a lingua para orar. Pisca. Pisca mais não perde.
Não se perde nessas horas. Não se perde. Ora.
Ora. Ora. Ora. Ora. Ora. Ora. Ora quantas vezes for preciso.
A vida fica mais doce. Fica mais doce? A vida é doce?
Não, amarga. Amarga e é por isso que se cobra
por hora. Pelo amargo. O doce é amargo. Doce só
doce é amargo, enjoa. Amargo só amargo é
amargo. Por isso ora. Ora e cobra por hora. Cobra pelo doce.
Cobra pelo amargo. Mas cobra. COBRA: COBRA. Doce amargo
a vida. Doce amarGo. Doce demais. Amar Go demais. Termina
na cama. A vida sempre termina na cama. Com sapato ou sem.
Com movimento ou sem. Sempre na cama. Sempre. A vida termina
na cama. E a Cobra ora por hora e cobra. Todos os dias na
cama. Ora. Ora. Ora. Ora bolas, sempre Cobra. Cobra por
hora madame, por que a vida termina na cama, com movimento,
ou sem. Com sapato, ou sem. Termina na cama. NA CAMA: Cobra
por hora. Mais Cobra. O amar sempre termina GO. Amar é
GO. Por isso termina na cama. Cobra por hora que amar é
go. Termina na cama. Ora. Por hora termina na cama. Liga
o taxímetro e cobra. Com sapato, ou sem.
A vida termina na cama.
Amar é Go.
Cobra por hora.
Ora.
Madame.
Com movimento, ou sem.
Com sapato, ou sem.
Termina na cama.
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2007
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Marcelo Valadares é
jornalista e mestrando em Ciências da Comunicação
pela Universidade Nova de Lisboa. Escreve para O binóculo
todas as quintas. Fale com ele: marcelo_valadares@hotmail.com
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