
13/06/08
Uma noite azul, demasiada
verde para se tornar vermelha
Nessa noite, o azul
era demasiado verde para se tornar vermelho. Os carros sobre
o cinza trafegavam marrons. Não havia vento. A fumaça
do cigarro fazia companhia ao barulho do sopro. O coração
se acalmava.
Engolia.
A saliva descia lenta. Dos pulmões, se viam os pés
ainda molhados. Não parecia chuva. A noite era azul,
demasida verde para se tornar vermelha. O céu guardava
um branco que não era a Lua.
O cigarro queimava junto com o sangue.
Do outro lado da rua não tinha nada além do
mesmo. O cigarro continuava a queimar junto com os pensamentos.
A imagem mostrava os joelhos, ainda rôtos. Os pés
continuavam molhados.
A cada trago uma lembrança a mais.
O coração se acalmava com uma esperança
a menos. Último trago. Penúltimo carro marrom
sobre o cinza. Os pés molhados e a noite azul estava
ainda verde demais para se tornar vermelha.
Debaixo do lençol, um suspiro aguardava outro.
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2007
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Marcelo Valadares é
jornalista e mestrando em Ciências da Comunicação
pela Universidade Nova de Lisboa. Fale com ele: marcelo_valadares@hotmail.com
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