OPPERAA
 
Baby Boom
     
 
 
     

Não posso falar por todos, mas, a mim, basta saber que o sujeito é um lunático sedento por sangue. Não me interessa sua infância, sua carreira escolar ou sua triste história de vir de um lar desfeito. Ele mata quem passar pela frente. E ponto!

 

31//12/07
As Origens do Mal

Nesta época, todos que gostam de cinema e escrevem sobre o assunto fazem lista dos melhores e piores do ano. Ou falam sobre os vários filmes de Natal, citando clássicos como Os Fantasmas Contra Atacam (1988) e Férias Frustradas de Natal (1989) ou bobagens mais recentes, como Sobrevivendo ao Natal (2004). Eu fico de fora desta linha, vou olhar para outra tendência: os filmes de origem, especialmente aqueles sobre vilões.

Em 2006, fomos presenteados com a prequel de O Massacre da Serra Elétrica (1974/ 2003), que enumera os primeiros assassinatos de Leatherface. Não posso falar por todos, mas, a mim, basta saber que o sujeito é um lunático sedento por sangue. Não me interessa sua infância, sua carreira escolar ou sua triste história de vir de um lar desfeito. Ele mata quem passar pela frente. E ponto!

A nova trilogia de Star Wars teve como foco a derrocada do jovem e promissor Anakin Skywalker. Para que ele vire um dos melhores vilões de todos os tempos, George Lucas inventa uma mãe assassinada, uma população dizimada por um sabre de luz, uma esposa que morre de coração partido e alguns dos piores diálogos do cinemão americano. Não seria o ideal apenas focar na relação entre Anakin e o Imperador, que o tinha como um fantoche?

O novo Halloween (2007) escolheu recontar a história de Michael Myers e tomou certas liberdades quanto ao longa de John Carpenter, de 1978. Até aí, tudo bem. Mas o garoto, originalmente, vinha de uma família normal e, após a primeira matança, se calava para sempre. Agora, vemos um garoto mal-tratado pelo padrasto alcoólatra e cuja mãe é uma stripper que rebola para sustentar a casa (com o perdão do trocadilho). Além de ser perseguido pelos valentões do colégio, claro. Talvez, por isso, tenha decidido sair matando gente (e é impressionante o tanto que o menino cresce dentro do hospital psiquiátrico, a ponto de virar o Dentes de Sabre Tyler Mane).

Várias são as franquias que, não tendo mais como ir adiante, decidem ir para trás. O terror com lobisomens Ginger Snaps (2000) teve duas continuações filmadas simultaneamente (em 2004), uma delas remetendo ao passado. O clássico O Exorcista (1973) não ficou de fora, ganhando duas(!!!) pré-continuações (2004), já que os executivos responsáveis não gostaram da versão de Paul Schrader e contrataram Renny Harlin para refazer do rascunho. E outras três séries já têm suas voltas ao cinema agendadas (ou, quem sabe, ao DVD): além dos vampiros e lobisomens de Anjos da Noite, Freddy Krueger e Jason Voorhees devem atacar novamente em 2008 e 2009, respectivamente.

Continuações são, geralmente, vistas como caça-níqueis, oportunidades para tirar um pouco mais de dinheiro dos espectadores. Tanto que, muitas vezes, o grupo por trás do primeiro longa não segue na franquia, como aconteceu com Jogos Mortais (2004). Mas uma prequel recente teve a benção de seu “pai”. Thomas Harris, criador do fantástico Hannibal Lecter, personagem já mostrado no cinema quatro vezes (com dois intérpretes), caiu na onda e escreveu Hannibal Rising (2006), imediatamente levado às telas. Sabíamos, até então, que o brilhante psiquiatra gostava de degustar partes do corpo humano e de brincar com investigadores.

O Silêncio dos Inocentes (1991) e Hannibal (2001) foram o suficiente para que Lecter fosse votado pelo American Film Institute, em 2001, como o “Mais Memorável Vilão da História do Cinema”. Mesmo na primeira história do psicopata, Dragão Vermelho, levada aos cinemas duas vezes (em 1986 e 2002), já descobrimos como se deu sua captura, pelo agente Will Graham (William Petersen/ Edward Norton). Mas por que parar agora se podemos voltar à sua juventude e faturar um pouco mais? Harris assinou um contrato de oito dígitos para mais dois livros da série, sendo que o próximo deve seguir a cronologia de Hannibal (2001).

O mais interessante era simplesmente acompanhar os jogos psicológicos de Lecter e seus peões, fossem eles assassinos ou agentes do FBI. Ninguém precisava saber que ele fugiu da guerra em sua terra natal, foi separado dos pais ou perdeu sua querida irmã (de forma tenebrosa). Suas atitudes e atos perdem força quando pensamos: “Tadinho, ele faz isso por causa daquilo”. Só falta, agora, Christopher Nolan ter tanto sucesso com seu Cavaleiro das Trevas (2008) que o faça contar a história do Coringa. Mas, bem lembrado por um amigo, isso já foi feito em A Piada Mortal (1988), sendo uma das origens possíveis. Afinal, o próprio Coringa admite: “Às vezes, me lembro de um jeito, às vezes, me lembro de outro... Se vou ter um passado, que seja de múltipla escolha!”

 

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Marcelo Seabra é jornalista e pós-graduado em História da Cultura e da Arte. Tem como objetivo tentar sempre manter alta sua média de filmes assistidos, músicas escutadas e livros lidos. Para falar com ele escreva para
: mseabra@gmail.com



   
 

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