
20/11/07
Perdendo Tempo no Cinema
Recebi, outro dia, um link
enviado por um amigo que indicava um suposto clássico
do cinema brasileiro. Claro que era uma brincadeira (e divertida!),
porque tratava de um longa estrelado por ninguém
menos que Carla Perez: Cinderela Bahiana (1998). Sempre
vejo críticas duras ao cinema brasileiro, responsável
por esse ou pelas superproduções de Diller
Trindade, estreladas por gente como Padre Marcelo, Xuxa
e outros não-atores famosos. Produzimos em pequena
quantidade e, geralmente, com pouco dinheiro, com algumas
exceções (como a Globo Filmes, os Barretos
ou mesmo Trindade). Ao olharmos para a situação
norte-americana, a situação fica mais divertida.
Divertida no sentido trash
da palavra, claro. Afinal, poucas pessoas gostam de perder
tempo e dinheiro assistindo porcarias. Eu poderia citar
vários exemplos vagabundos de longas feitos no quintal.
Mas a coisa fica interessante quando falamos de um BloodRayne
(2005) ou um Alone in the Dark (2005). O culpado por estas
pérolas, inclusive, se especializou em adaptações
toscas de videogames. Dr. Uwe Boll, como faz
questão de ser chamado, é tão execrado
pela crítica dos Estados Unidos que surgiu uma proposta
interessante: ele desafiou os jornalistas que vinham batendo
em suas obras para um combate corpo a corpo. Para enfrentar
Boll no ringue, o profissional deveria ter publicado, em
2005, críticas negativas sobre dois de seus filmes.
Não foi difícil chegar aos cinco finalistas.
E o pior: o desafiante venceu as disputas. As cenas serão
incluídas no projeto atualmente em desenvolvimento
pelo alemão: Postal (2007).
É estranho pensar como
existe gente sem a mínima noção do
ridículo! House of the Dead (2003), por exemplo,
é irritante não só por ser mal feito,
mas por se levar a sério demais. Esta é uma
das características de Uwe Boll: se achar um grande
cineasta. A grande questão ainda é: onde ele
arruma financiamento para bancar essas empreitadas? Alone
in the Dark (2005) e BloodRayne (2005) chegaram ao cúmulo
de terem continuações.
Outro sujeito incompreensível
é Mark Steven Johnson. Depois que a Marvel assassinou
o Homem Sem Medo em Demolidor (2003), deram uma nova chance
para o cara, que ainda levou Nicolas Cage junto. O resultado
foi uma nova palhaçada: Motoqueiro Fantasma (2007),
que constrangeu Peter Fonda, Wes Bentley e o próprio
Cage, fã de quadrinhos que mal podia esperar para
participar de uma adaptação. Para quem já
sonhou ser o Superman, foi uma queda e tanto!
Engraçado que, para
falar de filmes ruins, fiquei apenas em longas baseados
em quadrinhos e videogames. Parece ser um filão bom
para tirar dinheiro de incautos mesmo sem ter nada a oferecer,
já que partem de algo pré-existente, que já
reunia fãs. E sempre tem alguém que não
toma a palavra dos outros, que precisa ter sua própria
opinião. Eu, mesmo, nunca deixei de ver um filme
por conta de algo negativo que tivesse lido ou ouvido. Gosto
de ler a respeito e ter informações, mas acabo
indo assim mesmo. Costumo escrever críticas, positivas
ou negativas, e gosto quando alguém comenta comigo
a respeito. Mas não tenho a pretensão de achar
que alguém viu ou não determinado filme baseando-se
no meu texto.
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Marcelo Seabra é jornalista
e pós-graduando em História da Cultura e da
Arte. Tem como objetivo tentar sempre manter alta sua média
de filmes assistidos, músicas escutadas e livros
lidos. Para falar com ele escreva para:
mseabra@gmail.com
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