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Baby Boom
     
 
 
     

Precisei completar 25 anos para andar de avião. O mais interessante, a cada trepidada sentida, foi relembrar os grandes momentos da aviação no cinema e televisão. Especialmente, ao passar por nuvens, sentindo aquele friozinho na espinha.

 

17//12/07
Alçando Vôos


Por incrível que pareça, precisei completar 25 anos para andar de avião. O debut aconteceu há poucos dias. Foi uma experiência interessante, o que não exclui um certo medo em alguns momentos. Quando o avião fazia manobras para os lados e acabava tombando um pouco, eu procurava segurar a onda. Mas não foi nada de mais. E a viagem seguiu tranqüila, graças a Deus. Chegamos a poucos minutos da chuva que começava.

O mais interessante, a cada trepidada sentida, foi relembrar os grandes momentos da aviação no cinema e televisão. Os grandes e os mais dramáticos, já que o que geralmente dá audiência é desgraça. Caso, por exemplo, de Música e Lágrimas (1953), no qual o excelente James Stewart vive o não menos brilhante maestro Glenn Miller. Um acidente, em 1944, privou o mundo do maior nome da era das Big Bands. Era por aí que as minhas referências cinematográficas estavam. Falando em música, outro exemplar é La Bamba (1987), cinebiografia de Ritchie Valens. O cantor se foi no mesmo acidente que levou Buddy Holly (ver The Buddy Holly Story, de 1978), no chamado “dia em que a música morreu”.

Acabei me lembrando também de Vivos (1993), aquele drama sobre a equipe de rúgbi uruguaia que caiu nos Andes. Para sobreviverem, chegaram a extremos, como comer a carne dos companheiros mortos. Em Sem Medo de Viver (1993), Jeff Bridges sobrevive a uma queda e passa a não temer nada. O sujeito praticamente enlouquece, achando-se “inquebrável” como o Bruce Willis de Corpo Fechado (2000). Vale até atravessar a rua sem olhar, com o sinal aberto.

Há um momento cômico passado durante uma turbulência. Em Quase Famosos (2000), os membros da banda começam a confessar segredos há muito guardados, pensando que a morte estaria chegando. Quando tudo se ajeita e o vôo volta ao trajeto, fica o desconforto de quem revelou o que não deveria. Mas esses alívios eram logo substituídos, na minha cabeça, por situações angustiantes. Foi quando passei a valorizar ainda mais os bravos passageiros do Vôo United 93 (2006). Como se não bastasse a tensão causada pela falta de sustentação, ainda há terroristas a bordo. Deste momento em diante, comecei a ver brigas em aviões de outra forma, mesmo em filmes bobos, como Aeroporto (1970), Serpentes a Bordo (2006) ou Air Force One (1997). E era uma aeronave simples, pequena, nada como aquela de Plano de Vôo (2005).

Batendo todas essas referências, tinha um certo gremlin que me perseguia. Olhando pela janela, eu via a turbina de perto. Em situação parecida, estava John Lithgow (ver foto), no longa que homenageia a série Além da Imaginação (1983). No quarto segmento da produção, o passageiro John Valentine vê uma criatura sobre a asa arrancando peças e tenta alertar a tripulação, sem sucesso. Em pânico, ele acaba colocando todos em risco. E o bicho continua lá, se divertindo com a destruição. É um trecho tão clássico que há até um episódio de Dia das Bruxas (o quarto, de 1993) de Simpsons que o parodia. Um monstrinho tenta sabotar o ônibus que leva Bart para a escola e, claro, ninguém acredita nele.

Claro que não me desesperei (nem de longe!) e espero viajar novamente em breve. Nunca tive nenhum problema com aviões e nem pretendo começar a tê-los agora, que os conheço um pouco melhor. Mas, com a longa carreira cinematográfica desse seguro meio de transporte, fica fácil ficar com os pés atrás. Especialmente, ao passar por nuvens, sentindo aquele friozinho na espinha.

 

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Marcelo Seabra é jornalista e pós-graduado em História da Cultura e da Arte. Tem como objetivo tentar sempre manter alta sua média de filmes assistidos, músicas escutadas e livros lidos. Para falar com ele escreva para
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