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Depois que o tal do Marcel Duchamp colocou o mictório em exposição, a discussão ficou mais complicada. Seria aquilo arte? Ou talvez ele estaria apenas se divertindo com a cara dos orgulhosos que não poderiam admitir não entender o objetivo daquela “obra”.

Imagem: Medium Urinoir de Marcel Duchamp

 

10/09/07
Discutindo a arte

Enquanto somos pequenos, arte é tudo aquilo que fizemos e não deveríamos ter feito. Criança que faz arte deve ser repreendida e aprender que aquilo é errado. Alguns anos depois, fazer arte é demonstrar ter algum tipo de sensibilidade. É ter o olhar aguçado para as coisas belas da vida, ou atentar para algo diferente, que faça pensar. Mas, uma vez em um curso de especialização, numa discussão mais avançada e teórica, como definir arte?

Eu sei muito bem definir o que me agrada e o que não me faz diferença alguma. Um filme ruim, um quadro feio, um livro chato. Mas como concluir que aquilo não é arte? Depois que o tal do Marcel Duchamp colocou o mictório em exposição, a discussão ficou mais complicada. Seria aquilo arte? Ou talvez ele estaria apenas se divertindo com a cara dos orgulhosos que não poderiam admitir não entender o objetivo daquela “obra”. Segundo Jacques Leenhardt, podemos dizer que Duchamp não sabia ao certo o impacto que estava causando ao mundo (e ao mercado) da arte. O que importa é que ele, consciente ou inconscientemente, entrou definitivamente na nossa cultura e estabeleceu novas discussões.

Os artistas contemporâneos queriam fugir dos padrões considerados antiquados e fundaram movimentos vanguardistas, como o Futurismo e o Dadaísmo. E começaram a derrubar mitos, como a posição de destaque que o artista ocupava, já que as novas obras poderiam ser criadas ou reproduzidas em máquinas. Então, perde-se o que Walter Benjamin considera sua aura, a ligação da obra com seu objeto e seu criador. Não temos mais aquele mistério em torno da peça, do contexto específico do qual ela surgiu.

Duchamp coloca a responsabilidade sobre a obra no “olhador”, o indivíduo que a analisa. “A arte é o que o público reconhece como arte”, explica. Mas, imediatamente, já questiona: saberá esse público olhar verdadeiramente a obra? Se o papel de definir o que é arte está sobre mim, fica fácil. Posso desqualificar, logo de cara, o próprio Duchamp, já que não vejo nada de relevante nos tais ready-made, continuo com Leonardo e as outras tartarugas ninja. Como Duchamp esperava, talvez o grande público, dentro de cinqüenta anos, não pense mais como eu. Se é que o faz agora.

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Marcelo Seabra é jornalista e pós-graduando em História da Cultura e da Arte. Tem como objetivo tentar sempre manter alta sua média de filmes assistidos, músicas escutadas e livros lidos. Para falar com ele escreva para
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