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Tirando algumas surpresas, aconteceu o esperado: os cínicos Ethan e Joel Coen levaram três estatuetas cada: Melhor Filme, Roteiro Adaptado e Direção. Tivemos algumas boas surpresas e muitos prêmios que todos já esperavam.

 

26/02/08
Oscar 2008 - Antes

Esta coluna será dividida em duas partes: antes e depois do Oscar. A outra vai a seguir, nesta mesma bat-coluna.

Parte 1

Por incrível que pareça, tentei ver Onde os Fracos Não Têm Vez (No Country for Old Men, 2007) cinco vezes. Entre compromissos de última hora, trânsito intenso e sessões suspensas sem aviso prévio, acabei assistindo Sweeney Todd (2007), Sangue Negro (There Will Be Blood, 2007), Medo da Verdade (Gone, Baby, Gone, 2007) e Desejo e Reparação (Atonement, 2007), todos grandes filmes. Mas o provável vencedor dos principais Oscars permaneceu inédito para mim. Desta semana não passa, independente do que acontecer na noite deste domingo.

Com tantos filmes ótimos sendo lançados, não sei o que Juno (2007) está fazendo entre os cinco finalistas. É, sim, um bom filme, mas nada além disso; não merece esse barulho todo. Desde sua concepção, parece um filme que se acha muito importante, e acabou recebendo mesmo esse crédito. Os personagens parecem constantemente se dar conta do absurdo das situações e os diálogos e, assim, soam falsos. Para começo de conversa: se a menina é tão esperta, inteligente e cool, como, depois daquela premeditação toda, ela se esqueceu de uma camisinha e foi ficar grávida? A premissa já é meio absurda. Por isso, já parto do princípio de que esse longa não deveria ganhar nada, já foi muito ter sido indicado – sem falar nos outros prêmios que já abocanhou.

Na categoria Melhor Filme, o único que não vi deve ser o agraciado. Os outros três, além do já citado Juno, merecem a atenção que estão tendo. Conduta de Risco (Michael Clayton, 2007), Sangue Negro e Desejo e Reparação têm muitas qualidades: ótimos elencos, roteiros, caracterizações etc. Qualquer um que levasse seria interessante. Mas os irmãos Coen devem ser mesmo os sortudos da noite, ganhando também em Melhor Diretor.

Daniel Day-Lewis, o Daniel Plainview de Sangue Negro, deve ser agraciado, assim como Javier Bardem, de Onde os Fracos Não Têm Vez, nas categorias Melhor Ator Principal e Coadjuvante. A melhor atriz principal deve ser Julie Christie, de Longe Dela (Away From Her, 2006), mas Marion Cotillard, que vive Edith Piaf na biografia La Môme (2007), é uma grande adversária, assim como Cate Blanchett, de Elizabeth 2 (2007). Laura Linney (The Savages, 2007) e Ellen Page (Juno) entram para cumprir tabela. Como coadjuvante, o crítico Pablo Villaça, meu ex-chefe, indica Tilda Swinton (Conduta de Risco) como vencedora, apesar de Amy Ryan (Medo da Verdade, 2007) ter sido apontada em outras premiações. Para mim, ambas estão muito bem. O problema seria Ruby Dee ganhar, já que sua personagem, em O Gângster (American Gangster, 2007), fica muito pouco em cena. Bom, já aconteceu com Judi Dench (Shakespeare Apaixonado, 1998), não seria surpresa.

Quando se fala em roteiro, há premiações para Melhor Roteiro Adaptado e Melhor Roteiro Original. O adaptado deve ser dos irmãos Cohen, os maiores premiados da festa, enquanto o original deve ser do... Bom, torço pelo Tony Gilroy, de Conduta de Risco. Ele tem apenas uma chance de não levar, já que muito se tem falado de Juno e de Diablo Cody, a ex-stripper que virou roteirista. Seria uma grande injustiça.

Oscar 2008 - Depois

Parte 2

Pronto! O mundo continua o mesmo: Fidel se aposentou mesmo, Bush ainda está lá, tudo como sempre. Mas já sabemos o resultado do Oscar 2008. Tirando algumas surpresas, aconteceu o esperado: os cínicos Ethan e Joel Coen levaram três estatuetas cada: Melhor Filme, Roteiro Adaptado e Direção. Algumas boas surpresas e muitos prêmios que todos já esperavam.

A noite foi marcada pela recorrente subida ao palco de profissionais não-americanos, desde o inglês Daniel Day-Lewis, Melhor Ator por Sangue Negro, e o espanhol Javier Bardem, Melhor Ator Coadjuvante por Onde os Fracos Não Têm Vez, aos franceses de Piaf, longa que levou os prêmios de Melhor Maquiagem e Melhor Atriz. Marion Cotillard, fantástica no papel da diva francesa Edith Piaf, foi merecidamente honrada, já que é o único atrativo em um filme confuso e cansativo. Seu agradecimento, não se sabe se por nervosismo ou por falta de vocabulário em inglês, foi bem curto. Bardem fez parte do seu discurso em espanhol, o que não deve ter sido compreendido por boa parte da platéia. Sua mãe, em lágrimas, adorou.

Elizabeth – A Era de Ouro (2007) ficou com Melhor Figurino, desbancando o tão falado vestido verde de Keira Knightley em Desejo e Reparação. Este, por sua vez, teve reconhecida a excelência de sua trilha sonora, por pouco não passando batido. Conduta de Risco também teve seu momento, já que a andrógina Tilda Swinton foi eleita melhor atriz coadjuvante. Diablo Cody, por Juno, ficou com Melhor Roteiro Original, e recebeu o prêmio fantasiada de Bam Bam. Harrison Ford não devia estar acreditando em seus olhos.

Transformers (2007) inacreditavelmente não teve seus efeitos especiais consagrados, já que o prêmio foi para A Bússola Dourada (The Golden Compass, 2007). A conclusão da trilogia de Jason Bourne, O Ultimato Bourne (The Bourne Ultimatum, 2007) apareceu três vezes entre os vencedores: efeitos sonoros, edição de som e montagem. Tim Burton teve seu Sweeney Todd lembrado na categoria Melhor Direção de Arte. Brad Bird, diretor dos ótimos Os Incríveis (2004) e O Gigante de Ferro (1999), levou a estatueta mais uma vez (foram dois por Os Incríveis), já que Ratatouille (2007) foi confirmado como Melhor Animação. Na categoria Melhor Canção Original, o veterano Alan Menken viu o prêmio ir para as mãos dos irlandeses de Once (2006), já que suas três canções indicadas por Encantada (Enchanted, 2007) devem ter dividido seus votos.

John Stewart, o engraçado e sóbrio apresentador da festa, fazia suas piadinhas sempre que possível. Referindo-se à greve de roteiristas, que poderia ter impedido a realização da cerimônia se tivesse persistido, ele apresentou curtos clipes que supostamente seriam um modo de preencher a noite, caso os escritores se mantivessem paralisados. Puro non sense. Mas, antes das categorias principais serem anunciadas, os clipes com melhores momentos das entregas foram exibidos. Pudemos rever, por exemplo, o equívoco de 1997, quando Cuba Gooding Jr. (Jerry Maguire, 1996) ganhou o Oscar que tinha o nome de Edward Norton (As Duas faces de um Crime, 1996) escrito. Mas esse fato não se repetiu em 2008. Mesmo com certas surpresas, não houve injustiças. Não concordo com alguns dos prêmios, mas não sou eleitor da Academia.

Leia também

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2007

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Marcelo Seabra é jornalista e pós-graduado em História da Cultura e da Arte. Tem como objetivo tentar sempre manter alta sua média de filmes assistidos, músicas escutadas e livros lidos. Para falar com ele escreva para
: mseabra@gmail.com



   
 

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