
25/03/08
O fim de uma longa busca
Sou meio obsessivo com certas
coisas. Acho que não sou o único, mas só
posso falar por mim. Se ouço uma música boa,
entro logo na internet e acho outros trabalhos daquela banda.
Se um livro me agrada, quero sempre saber mais sobre o autor
e continuo acompanhando sua obra.
Foi o que fiz com Raymond Chandler. Um dos pais do romance
policial americano, Chandler foi um dos que inventaram os
clichês do gênero, como o detetive durão
que não segue regras ou a cliente misteriosa e linda
envolvida em uma trama escabrosa.
Com O Sono Eterno (The Big Sleep), uma envolvente história
de desaparecimento que só Philip Marlowe poderia
resolver, não foi diferente. Entre o cínico
e o sentimental, o investigador particular tenta solucionar
o caso de chantagem para o qual é contratado. Alguém
quer tirar dinheiro de um general velho e rico, o que sempre
acaba levando a alguns assassinatos e sumiços.
Assim que terminei a leitura, corri para a livraria e comprei
mais. Livros de bolso, baratinhos, mas muito interessantes.
E pensei: “Uma história tão antiga,
lançada em 1939, deve ter uma adaptação
para o cinema”. Dito e feito: depois de alguma pesquisa,
esbarrei em outra paixão. Liguei para várias
locadoras e nada. Acabei encontrando algumas obras interessantes,
como Adeus Minha Adorada, com Robert Mitchum e também
baseado na obra de Chandler, e O Falcão Maltês,
de outro autor policial clássico, Dashiell Hammett.
Esta última é protagonizada pelo mesmo ator
da que eu procurava: o mito Humphrey Bogart. Dois famosos
detetives, Marlowe e Sam Spade, foram vividos pelo mesmo
ícone de Hollywood. Mas do que eu queria mesmo, nem
sinal.
O filme em questão, À Beira do Abismo, foi
produzido em 1946, e ficou por lá. Parece que ele
nunca foi lançado no Brasil, seja em VHS, seja em
DVD. Não havia outra alternativa a não ser
me render. Nem sua segunda versão, a de 1978, era
conhecida. “Quem sabe no futuro...” Mal sabia
o que me esperava.
Um belo dia, um grande amigo me convida para almoçar
em sua casa. Lá, depois de uma bela refeição
e uma tarde divertida, regada a jazz e bebida, fui apresentado
às várias coleções que ele mantém.
Filmes em diferentes formatos (VHS, DVD, disco laser), livros,
CDs, discos. No meio daquilo tudo, me esperando, estava
uma cópia original, selada e fechada no plástico,
de The Big Sleep, de 1946. Não teve outro jeito.
Tive que pedir emprestado. Agora, só falta assisti-la.
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2007
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Marcelo Seabra é jornalista
e pós-graduado em História da Cultura e da
Arte. Tem como objetivo tentar sempre manter alta sua média
de filmes assistidos, músicas escutadas e livros
lidos. Para falar com ele escreva para:
mseabra@gmail.com
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