
29/11/07
É Gol!
Modelo
de entrada da Volkswagen comemora cinco milhões de
unidades produzidas. Alguns problemas que persistem no terão
que ser corrigidos para renovar o fôlego do modelo.
Mas este carro tem uma coisa que nenhum outro tem: uma bela
história
A Volkswagen comemora nesta
semana o marco histórico de 5 milhões de Gol
produzidos. Este volume reafirma a condição
do modelo de maior sucesso de todos os tempos da indústria
automotiva nacional. Apesar da ameaça do Fiat Palio,
o Gol é líder absoluto de vendas no mercado
interno há 20 anos ininterruptos, o Gol também
é o carro mais exportado da história, com
735 mil unidades embarcadas para mais de 50 países.
De acordo com o presidente da empresa, Thomas Schmall, com
esse volume de produção, o Gol representa
um conceito vitorioso de mobilidade. "O Gol é
uma prova da competência da engenharia, do design
e da indústria brasileira. É um automóvel
que expressa a essência de um verdadeiro carro do
povo, dando a milhões de pessoas o acesso à
tecnologia automotiva mundial".
O grande volume de unidades fabricadas coloca o Gol entre
os 10 carros, lançados nos anos 80, de maior sucesso
em todo o mundo, mesmo quando comparado com automóveis
originários dos mercados europeu, americano e japonês.
O modelo faz parte do seleto clube mundial de 40 veículos
que ultrapassaram a barreira das 5 milhões de unidades
produzidas.

A quantidade de Gol em circulação
supera a frota de carros da cidade de São Paulo.
De cada oito carros atualmente em uso no Brasil, um é
Gol. Se todos os modelos Gol produzidos fossem colocados
em fila indiana, formariam um comboio de quase 20.000 km.
Seria possível fazer cinco filas contínuas
de Gol cobrindo a distância em linha reta entre o
Oiapoque, no Amapá, e o Chuí, no Rio Grande
do Sul.
O Gol é conhecido pela
robustez, durabilidade e baixo custo de manutenção
e alto valor de revenda.
Pioneirismo no Brasil
Já em sua 4ª geração, o modelo
da Volkswagen foi pioneiro na introdução de
algumas das maiores inovações da indústria
automotiva brasileira. O Gol GTI, de 1989, por exemplo,
foi o primeiro carro nacional a oferecer injeção
eletrônica de combustível. Já o Gol
1.6 Total Flex, lançado em março de 2003,
foi o pioneiro na disponibilização da revolucionária
tecnologia bicombustível, que hoje desperta o interesse
do mundo inteiro.

A comemoração
do marco de 5 milhões de Gol no Brasil inclui o envio
de uma carta de agradecimento aos 20 mil empregados da montadora
assinada pelo presidente da Volkswagen do Brasil, Thomas
Schmall, e a divulgação de um selo especial
em alusão à conquista histórica. O
selo estará estampado nas peças de comunicação
da companhia.
Missão: substituir o Fusca
A decisão de fazer o Gol foi tomada pela diretoria
da Volkswagen em dezembro de 1970, em meio ao chamado "Milagre
Econômico", quando a venda de automóveis
no Brasil crescia 25% ao ano. A Volkswagen do Brasil havia
traçado como meta desenvolver e lançar um
novo carro no país, com a difícil missão
de substituir na garagem dos brasileiros o Fusca, que liderava
o mercado havia mais de 25 anos.
Naquela época, já
havia sido construído o "conceito" Gol,
mas não o design e o projeto de engenharia do carro,
que foram desenvolvidos em paralelo à construção
da fábrica de Taubaté, no interior paulista.
A unidade foi implantada, desde o princípio, com
o propósito de produzir o modelo.
Por meio de pesquisas, a Volkswagen identificou que o consumidor
desejava um carro de moderna concepção técnica
e estilística, incorporando as necessárias
características de robustez, adequabilidade às
condições brasileiras, capacidade para 5 pessoas,
mínimo consumo de combustível, baixo custo,
manutenção e reparos fáceis e baratos.
Tudo isso, deveria ter ainda um toque de esportividade.

Matriz aprova engenharia e design nacionais
Em maio de 1976, um grupo de engenheiros, estilistas e modeladores
da Volkswagen do Brasil viajou para a Alemanha levando a
maquete 1:4 do carro. A partir deste momento, foi iniciado
o processo de criação do Gol, chamado então
de "Projeto BX". Desde o início de sua
concepção e projeto, o Gol foi o carro-símbolo
da maturidade e da competência do design e da engenharia
automotiva brasileira, que havia ganhado prestígio
na Matriz depois de projetos bem-sucedidos como o TL e a
Brasília.
Depois da maquete, a etapa
seguinte foi a criação de um modelo em arame
nas dimensões reais, para testar a ergonomia dentro
do carro. Como fato curioso, foram usados nos testes pessoas
de diferentes estaturas, inclusive um homem de 2 metros
de altura e outro de 1,50 metro. Em seguida, foi construída
uma maquete em dimensão real do Gol na fábrica
da Audi em Ingolstadt, na Alemanha. No final de 1977, foi
fabricado no Brasil o primeiro protótipo do carro
para avaliação de peso e testes de consumo,
desempenho, refrigeração e comportamento dinâmico,
entre vários outros.
Os últimos ajustes de
design e estilo do Gol foram feitos em 1978. A partir de
então, o modelo foi submetido a uma bateria de testes
de durabilidade. Ele rodou em pisos de lama, de cascalho
e até de neve, em temperaturas entre 15 graus negativos
e 45 graus e a altitudes de até 3.000 metros. O Gol
foi submetido a 200 mil km de rodagem em condições
adversas, em um roteiro que incluiu a cordilheira dos Andes
e os desertos da Patagônia argentina.

Lançamento
O Gol foi exibido pela primeira vez, em 15 maio de 1980.
O motor 1.3 refrigerado a ar, com tração dianteira,
tinha 42 cv de potência e desenvolvia 15,8 km/l a
80 km/h. Além de supereconômico, o Gol era
o carro com maior autonomia do mercado brasileiro (870 quilômetros),
pois tinha reservatório com capacidade para 55 litros.
Há um fato bastante
curioso sobre a primeira geração do Gol. Apesar
de aparentar dimensões externas bem maiores, o carro
era 24,1 cm menor que o Fusca e 23,2 cm menor que a Brasília
- modelos Volkswagen mais populares na época. O Gol
era um carro maior do que aparentava.
Ascenção rápida ao topo
O modelo somou 36.731 unidades vendidas já no ano
de seu lançamento, em 1980, e não parou mais
de crescer. Em 1982, o Gol superou pela primeira vez a marca
das 50 mil emplacamentos anuais (51.870); em 1988, passou
das 100 mil unidades (103.583) e, em 1993, ficou acima das
150 mil vendas anuais (184.510), patamar abaixo do qual
nunca mais ele caiu, nem durante as crises mais agudas da
economia nacional.
A chegada do Gol ao topo de
vendas foi rápida. Depois de três anos na vice-liderança
do mercado, em 1987, o modelo assumiu o lugar mais alto
do pódio e não deixou mais esse posto. Ainda
não havia internet, telefone celular e DVD, nem tampouco
eleição direta para Presidente da República
no Brasil, e dentro desse contexto o Gol já era líder
de vendas no país.
Na condição de carro mais vendido da década
de 80, o Gol iniciou os anos 90 em ritmo acelerado. Já
em 1991, ganhou nova frente com novos faróis, lanternas,
grades, capô, pára-lamas e pára-brisa
laminado. No mesmo ano, o Gol foi apontado "o carro
mais lembrado pelo consumidor brasileiro" na primeira
pesquisa Top of Mind do Instituto Datafolha. Todas as outras
16 edições subseqüentes reafirmaram o
mesmo resultado.
Em 2001, o Gol superou o Fusca
em volume de vendas, com 3,3 milhões de unidades
comercializadas.
Geração II
O carro passou pela primeira grande transformação
em 1994, quando a Volkswagen lançou o modelo Geração
II, com design arredondado e inovador, que logo recebeu
o apelido de "Gol Bolinha". O modelo começou
a ser desenvolvido em 1989 a partir de uma pesquisa que
apontou o que deveria ser aperfeiçoado na visão
do cliente, sem alterar a parte motriz, extremamente confiável
e apreciada.
Foi assim que o carro ganhou
mais espaço interno, mais aderência ao solo,
mais estabilidade em altas velocidades, porta-malas mais
amplo, mais segurança e menor nível de ruído.
O produto foi percebido como um carro moderno, elegante,
em sintonia com as tendências internacionais e com
ganho expressivo em tecnologia.
O Gol Geração
II surgiu plenamente adaptado aos padrões mundiais
de proteção ao meio ambiente, equipado com
um pacote ecológico que incluía componentes
antipoluentes, materiais recicláveis e produtos naturais.
O sistema de ar-condicionado passou a usar o gás
R-134a, um produto inofensivo ao meio ambiente, em lugar
do CFC (cloro-flúor-carbono), que destrói
a camada de ozônio.
Geração III: elegância, esportividade
e tecnologia
Lançada em maio de 1999, a Geração
III renovou ainda mais as linhas do Gol, resultando num
carro mais moderno e esportivo. Além disso, consolidou
os atributos racionais de robustez, praticidade e qualidade
do modelo. A terceira geração do Gol introduziu
ainda um novo padrão de qualidade no acabamento para
a categoria, com ganhos substantivos de sofisticação
e requinte, perceptíveis desde as junções
de chapas até os tecidos de revestimento.
Todos os detalhes ligados ao toque, ao visual e à
sensibilidade do carro foram aperfeiçoados. Os bancos
dianteiros ganharam controle de altura e profundidade, oferecendo
mais segurança e conforto. O painel foi totalmente
renovado, em desenho, textura e tonalidade, combinando perfeitamente
com os novos revestimentos. O carro ganhou ainda faróis
translúcidos e brilhantes, em policarbonato, resistentes
a pequenos impactos. Foi sem dúvida, o Gol mais bem
feito da história do modelo.
Geração 4
O Gol Geração 4 chegou ao mercado brasileiro
em agosto de 2005 com visual renovado, novo interior (mais
simples), novos elementos de praticidade e conforto e novos
módulos de oferta, mas preservando atributos como
confiabilidade, durabilidade e versatilidade. Ao todo, o
modelo teve 1.088 itens completamente ou parcialmente modificados
em relação à geração
anterior. O Gol é ofertado atualmente nas versões
City (1.0 e 1.6), Plus (1.0), Power (1.6 e 1.8) e Rallye
(1.6).
O visual ficou mais limpo,
moderno e rejuvenescido, com destaque para os faróis
envolventes e para o elemento em "V" da nova frente,
formado pelo novo capô e pelo novo pára-choque
dianteiro, que exprime a nova identidade mundial da marca.
A nova traseira trouxe o elemento circular em realce, também
alinhado com as novas tendências de design da Volkswagen.
O interior ficou mais pobre com a adoção do
painel do Fox e acabamento simples em plástico sem
nenhum requinte. Essa atitude, provavelmente para reduzir
custos, desapontou muitos apaixonados pelo Gol. A versão
Power tinha o interior mais agradável, mesmo assim
deixou saudades do bom acabamento do geração
3.
Alguns itens foram melhorados
como o acionamento dos vidros elétricos que deslocado
do painel para as portas. O interior do veículo passou
a oferecer 11 porta-objetos (duas portas) e 13 (quatro portas).
A renovação inclui ainda novo instrumento
combinado, novos difusores de ar, novos volantes e novos
revestimentos arredondados como os do Fox.
Na 4ª geração,
o Gol passou a ser equipado somente com motores Total Flex,
que funcionam com álcool, gasolina ou qualquer mistura
dos dois combustíveis. São eles: o EA 111
RHS 1 litro e 8 válvulas, que desenvolve 65 cv (100%
gasolina) e 68 cv (100% álcool); o EA 827 1.6 litro
e 8 válvulas, que desenvolve 97 cv (gasolina) e 99
cv (álcool); e o EA 827 1.8 litro e 8 válvulas,
que desenvolve 103 cv (gasolina) e 106 cv (álcool).
Séries especiais
Tudo começou com a série Copa, lançada
em 1982, no embalo de Zico, Sócrates, Junior e Falcão,
para festejar a participação da Seleção
Brasileira na Copa da Espanha. O time não teve muita
sorte, mas o Gol Copa foi um grande sucesso e estimulou
a Volkswagen a repetir muitas vezes a experiência.
Em 1995, os fãs da banda
inglesa Rolling Stones puderam comemorar a primeira temporada
brasileira do grupo a bordo do Gol Rolling Stones, que também
foi um grande sucesso, com 12 mil unidades comercializadas.
No ano seguinte, a Volkswagen lançou o Gol Atlanta
para celebrar os Jogos Olímpicos disputados nos Estados
Unidos e, mais uma vez, as vendas superaram as expectativas.
Outra série bem sucedida
foi a Fun, lançada em maio de 2001, que conquistou
o público de espírito jovem tendo como destaque
exclusivo a moldura dos faróis duplos pintada na
cor do veículo. Depois vieram as séries Gol
Highway, I e II, lançadas em 2001 e 2003, equipadas
com motor 16 válvulas, e a Série Gol Rallye,
lançada em 2004 no geração III e reeditada
em 2007 no geração 4, para os amantes da vida
ao ar livre, com suspensão elevada (item opcional
no power geração 4) e forte estilo offroad.
Vale destacar ainda uma outra
série especial que atendeu de tal forma aos desejos
do consumidor que acabou se tornando versão permanente:
o Gol Power. Lançado em 2001, o modelo nunca mais
saiu de linha, enfatizando com clareza os atributos do Gol,
tais como força, resistência, durabilidade
e confiabilidade.
Destaques históricos do Gol
1) Maior sucesso da indústria automobilística
nacional em todos os tempos.
2) Primeiro carro e único criado no Brasil a superar
a marca de 5 milhões de unidades produzidas.
3) Primeiro e único carro brasileiro a superar a
marca de 4 milhões de unidades vendidas dentro do
país, em janeiro de 2005.
4) Único carro criado e produzido no Brasil a liderar
as vendas por 20 anos consecutivos.
5) Único veículo nacional com produção
diária de 1.300 unidades, nas fábricas de
Taubaté e de São Bernardo do Campo.
6) Primeiro carro criado no Brasil a se tornar modelo de
entrada da marca Volkswagen em mercados internacionais.
7) Carro mais exportado da história do Brasil.
8) Primeiro e único carro brasileiro a superar o
Fusca, em fevereiro de 2001.
9) Primeiro carro de entrada nacional com três anos
de garantia para motor e câmbio.
10) Primeiro carro equipado com motor bicombustível
(março de 2003).
11) Primeiro veículo a popularizar o acesso à
tecnologia bicombustível, com o lançamento
da versão Gol City 1.0 Total Flex em fevereiro de
2005.
12) Líder em todas as pesquisas Top Of Mind já
realizadas no Brasil pelo Instituto Datafolha.
13) Primeiro carro brasileiro a utilizar o sistema de injeção
eletrônica de combustível, na versão
Gol GTi 2.0
14) Único carro brasileiro a liderar vendas simultaneamente
no Brasil, México e Argentina, em 2004.
15) Primeiro carro brasileiro a oferecer garantia de cinco
anos contra a corrosão, desde 1999, na Geração
III.
16) O Gol GT 1.8, com 99 cv, foi o primeiro carro nacional
a acelerar de 0 a 100 km/h em menos de 10 segundos, em 1984.
17) Recordista mundial em provas de Endurance, de 5 mil,
10 mil e 25 mil km, homologadas pela FIA (Federação
Internacional de Automobilismo), em 2003.
18) Modelo introdutor de séries especiais que fizeram
história, como o Gol Copa e o Gol Rolling Stones.
19) Primeiro e único carro fabricado no Brasil com
o revolucionário motor turbo 1.0 16V, tecnologia
mundial exclusiva da Volkswagen.
20) Protagonista de inovações que têm
pautado a propaganda brasileira nas últimas décadas.
21) Primeiro carro de seu segmento equipado com airbag full
size, na versão GTI 2000 16V, em 1998.
22) Primeiro carro desenvolvido no Brasil a ser fabricado
no exterior (Argentina, China e Irã), a partir de
peças exportadas .
23) Primeiro carro brasileiro exportado para a Rússia.
Para suportar o frio intenso, o motor recebeu válvula
que capta o ar quente do escapamento e aquece a câmara
de combustão sempre que a temperatura desce abaixo
dos 8 graus negativos. O filtro de ar ganhou uma espécie
de "snorkel" para evitar entupimento com a entrada
de neve.
24) Primeiro carro brasileiro a utilizar um eixo integrado
auto-estabilizante na suspensão traseira .
25) Primeiro carro popular a ter uma versão com espírito
offroad: o Gol Rallye.
26) Primeiro carro popular a utilizar alta tecnologia no
processo produtivo.
27) A fabricação do Gol envolve 10 mil empregados
e mais de 300 robôs.
Hoje em dia, o Gol parece estar cansado já, a ergonomia
não é boa, e desde que me entendo por gente,
esse problema insiste em perseguir o Gol. O volante é
baixo, torto e os pedais são desalinhados com a direção.
Isso é sinal do tempo,
o carro não evoluiu como a concorrência e novos
produtos no mercado. Alguns itens me agradam como consumidor,
como por exemplo o excelente sistema de som que reproduz
MP3 e com os comandos no volante de direção.
Esse é um opcional da versão Power que quase
não vende por causa do preço de mais de R$
2.000,00.
Se deste jeito ele já
é o campeão de vendas, imagine se a dona Volks
inventar de fazer a geração 5 melhorando o
acabamento e corrigindo esses problemas. Não preciso
nem dizer. Esperamos que este campeão da indústria
brasileira não desanime, e que novas iniciativas
renovem de verdade o modelo.
Parabéns ao Gol, que venham, mais 5 milhões!
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Marcello Oliveira é
jornalista e escreve aqui todas as quintas. Fale com ele:
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