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A realidade é clara: temos que administrar o trânsito para as novas motos que ganham as ruas das grandes capitais. Só em Belo Horizonte, por exemplo, o crescimento nas vendas de motocicletas foi de 13% nos primeiros nove meses deste ano.

Fotos: Divulgação

 

10/11/07
Por um trânsito mais seguro

Programas de capacitação e de segurança valorizam o transporte sobre duas rodas e provam que andar de moto de forma responsável pode ser seguro e econômico


No mês passado mostramos as novidades do Salão Duas Rodas em São Paulo. Agora vamos apresentar soluções inteligentes para o bom convívio das motos no trânsito de grandes cidades. Afinal, é um dos meios de transporte que mais cresce no Brasil.

O mercado para veículos de duas rodas não pára de crescer. Dados da Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares (Abraciclo) mostram que, de janeiro a setembro de 2007, mais de um milhão de motocicletas foram vendidas no Brasil. O segmento cresceu 27,3% em relação ao mesmo período de 2006 e praticamente quadruplicou na última década. Isso significa que, cada vez mais, os consumidores procuram uma alternativa econômica com a intenção de viabilizar o trabalho e locomoção. Para muitas pessoas, a moto é a única opção de compra do primeiro veículo.

A realidade é clara: temos que administrar o trânsito para as novas motos que ganham as ruas das grandes capitais. Só em Belo Horizonte, por exemplo, o crescimento nas vendas de motocicletas foi de 13% nos primeiros nove meses deste ano. Os números mostram, ainda, que Minas Gerais têm acompanhado o ritmo nacional. Segundo o Detran, o número de motos licenciadas no estado, em 2007, foi 12% maior que no ano anterior. É clara a necessidade de implementação de políticas de segurança no trânsito e, até mesmo, adequação da legislação para o uso de motocicletas no futuro, sendo que a previsão de 2008 é que as vendas de motos aumente 14,6%, segundo a Abraciclo.


Equipe do Corpo de Bombeiros de Minas Gerais na pista do Sest/Senat

Pensando nisso, a BHTrans – órgão que gerencia o trânsito em Belo Horizonte – criou o curso “Motopilotagem Segura”, programa para dinamizar o trânsito na cidade, preparando, assim, a população para receber as inúmeras motocicletas que chegam às ruas todos os dias. Foram investidos R$ 350 mil reais na construção de duas pistas de treinamento, iluminadas, com boxes, área administrativa e sanitários, além da aquisição de vinte motocicletas para a realização do curso.

De acordo com Eduardo Lucas, gerente de educação para o trânsito da BHTrans e membro da Câmara Temática de Educação para o Trânsito do Denatran, Belo Horizonte terá, já na próxima semana, mais de um milhão de veículos nas ruas, sendo 110 mil só de motos, ou seja, 11% do total. Ele fala que, apesar de tantos problemas, a moto pode ser um transporte tão seguro quanto o automóvel, mas faltam incentivos e iniciativas de novos programas, como o desenvolvido pela BHTrans e o Sest/Senat em parceria com concessionárias de motocicletas da Grande Belo Horizonte, que capacita e orienta os pilotos de moto a se comportarem de maneira correta no trânsito.

Várias empresas sentiram a necessidade de cursos de capacitação de seus motociclistas para fazer valer o verdadeiro sentido do transporte em duas rodas: economia e agilidade, sem deixar de lado a segurança do condutor. A Coca-Cola é uma das organizações que treinaram 150 dos 270 pilotos da empresa, na pista do Sest/Senat. “Já no próximo ano, todos os funcionários que usam motos passarão pelo curso. Isso é bom para eles e para a empresa, que terá profissionais qualificados”, explica o técnico em segurança no trabalho da Coca-Cola, Mário Lúcio Reis. Ele diz ainda que a empresa depende do transporte por moto. Uma das razões é o auxílio nas entregas nos aglomerados e vilas, locais onde o caminhão não consegue chegar, e a motocicleta tem total mobilidade.

O auxiliar de merchandising, Adilson Ribeiro, de 26 anos, foi um dos 150 funcionários a participar do curso. Antes da capacitação, ele sofreu dois acidentes com sua moto. “O curso foi excelente. Depois dele, nunca mais passei por uma situação de risco, além de evitar acidentes com práticas de direção defensiva aprendidas nas aulas. Se eu tivesse feito a capacitação antes, não teria me acidentado duas vezes no trânsito. Sei que o problema não é com a moto, mas sim com o modo como ela é usada nas ruas. Sem dúvida, é um veículo muito seguro, mas temos que saber usá-lo de forma racional”, diz Adilson.

Saldo positivo
De acordo com a Coordenadora de segurança da Coca-Cola, o número de acidentes caiu consideravelmente depois dos cursos. “Há mais de 100 dias não temos nenhum tipo de acidente envolvendo motos na empresa. Diante disso, sei que é um meio de transporte altamente confiável, que se usado de forma correta, aumenta a agilidade e, conseqüentemente, os lucros de uma empresa”, diz a coordenadora.

O curso “Motopilotagem segura” tem foco, principalmente, nos motociclistas que usam a moto como ferramenta de trabalho. Ou seja, motoboys e entregadores. Mas outros grupos de pilotos, como os que andam de moto apenas no final de semana, e os que migraram do ônibus e do carro para a motocicleta, por razões óbvias de economia e agilidade, também podem fazer o curso de “motopilotagem” pagando uma taxa de manutenção no valor de R$ 25. Para se ter uma noção da importância deste curso, é lá que o Corpo de Bombeiros de Minas Gerais faz a capacitação de seus oficiais.

Vários fatores são determinantes para a segurança no trânsito, principalmente quando o assunto são motos. Para Eduardo Lucas, a deficiência das Auto-escolas influencia nos altos índices de acidentes. “Os Centros de Formação de Condutores não estão preparados para formar pilotos. Eles não têm a estrutura necessária para atender ao crescente número de pessoas que pretendem tirar a carteira de habilitação”, diz o gerente da BHTrans.

Para qualificar o atendimento de emergência em acidentes envolvendo motos, o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) de Belo Horizonte foi capacitado e aparelhado para atender, especialmente, este tipo de acidente.
Outro programa, também na capital mineira, é a campanha de redução de acidentes, que veio com o slogan “Em cada moto tem uma vida”, divulgado pela imprensa local e através de publicidade em outdoors, jornais, revistas, rádios e emissoras de TV. Pesquisa realizada pela BHTrans e pelo Detran de Minas Gerais mostra que estas iniciativas dão certo. Os acidentes envolvendo motociclistas em toda a Região Metropolitana de Belo Horizonte caíram 9,5% em 2006, comparado a 2005.

Duas rodas, uma só vida
Trata-se de uma campanha lançada pela Prefeitura Municipal de Ipatinga, no Vale do Aço mineiro. O próprio município cedeu o local e a infra-estrutura para a pista de reciclagem de motociclistas. O programa desperta a população quanto os cuidados necessários para um trânsito seguro e sem acidentes, além de capacitar os usuários de motos.

“Estamos empenhados em promover uma atmosfera de respeito entre motoristas e motociclistas, e através da participação deles no dia-a-dia da Prefeitura”, diz o prefeito de Ipatinga, Sebastião de Barros Quintão.


"Duas Rodas, Uma Só Vida". Campanha em Ipatinga, no Vale do Aço de MG.

Já em São Paulo, uma lei municipal defende os profissionais que trabalham com motofrete. As empresas, agora, são obrigadas a oferecer seguros de vida e invalidez aos funcionários, e as motos deverão possuir equipamentos de segurança, como baú regulamentado pelo Conselho Nacional de Trânsito (Contran), capacete, antena de proteção contra cerol de pipa e o protetor conhecido como "mata-cachorro". O objetivo da nova lei é fiscalizar os 120 mil motoboys de São Paulo. Hoje, 10% do veículos que circulam pela capital paulista são motos.

Projetos como estes já são copiados em várias cidades brasileiras. Outros países também querem adotar programas similares. A prefeitura da Cidade do México estuda a possibilidade de implantar um programa como o “Motopilotagem Segura”.
A motocicleta, realmente, é o transporte do futuro. Sabemos da necessidade dela nos dias de hoje, e, no futuro, será ainda mais requisitada. Por isso, o melhor caminho é usar a moto com consciência e respeito de motociclistas, motoristas e pedestres. Seguindo essa receita, teremos um trânsito exemplar para o resto do mundo.

 

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Marcello Oliveira é jornalista. Fale com ele: marothavio@yahoo.com.br






 
 

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