
05/05/08
Para
apreciar e relaxar
Belo Horizonte, sexta feira, seis horas da tarde. O congestionamento
irrita quem passa pela Avenida Bias Fortes, na Região
Central da cidade. Como de costume, passo por lá
na volta da redação, quase sempre no mesmo
horário.
No porta-luvas do meu carro havia um CD que gravei com apenas
duas músicas. Era um matérial coletado para
uma pauta cultural. Em meio ao caos do trânsito completamente
parado, tiro a sintonia do rádio do noticiário
das seis. Coloco o CD no aparelho de som do carro e começo
a entender a importância da música instrumental,
especialmente com o som que eu estava ouvindo, do CD “Instrumental
Social”, do músico Carlos Pontual. É
uma pena que aquele momento, praticamente de reflexão
que a música me levava, passou rapidinho, nem senti
o transito fluir.
Alguns dias depois, entrevistei o músico, e comentei
a inserção de elementos modernos que se fundiam
ao tradicional som da Bossa Nova dos anos 1960 e do Samba-funck
da década de 1970. Neste momento já sabia
que a receita para se enfrentar um trânsito pesado
ou qualquer outra situação de grande estresse
talvez seria o soul-jazz.
Carlos Pontual, que também faz parte da banda do
cantor Nando Reis, sempre compôs músicas em
vários estilos, inclusive o jazz.
“Não partiu de uma decisão prévia.
Quando percebi que o material que eu estava fazendo em meu
home studio já seguia um conceito surgido espontaneamente,
foi só seguir nessa linha daí em diante. Assim
nasceu o Instrumental Social", diz Pontual.
O músico ainda diz que a inspiração
para buscar estes elementos nostálgicos vieram também
do hip-hop e louge. “Minhas influências foram
Wes Montgomery, Sly&Family, StoneJeff Beck, Eumir Deodato,
Jimmy Smith, Herbie Hancock, João Donato, Miles Davis,
Banda Black Rio entre outros”, completa.
Pergunto a ele como definiria este disco. "O nome do
disco já fala desse conceito. O 'Instrumental' é
óbvio. O 'Social' tem a ver com o lounge. Música
para dirigir, conversar, namorar. É um disco que
para ser apreciado, você não precisa ser um
músico, coisa muito comum em disco instrumentais.
Aqui as batidas, as melodias e os climas envolvem o ouvinte
primeiro. Depois quem quiser parar para analisar, é
um disco de sutilezas e detalhes que vão se revelando
aos poucos. Sem exibicionismos”, afirma o músico
confirmando minhas idéias desde o dia em que ouvi
o Cd, parado na Avenida Bias Fortes.
Conciliando os trabalhos Carlos Pontual
contou-me que não foi difícil conciliar o
trabalho solo com o da banda, apenas usou a agenda, pois,
segundo ele, uma vez que se sabe o que é importante,
se arruma tempo, afinal é muito comum o profissional
da área musical conciliar vários projetos.
Se ouvir uma boa música, constituída de detalhes
e qualidade, é muito bom quando se está preso
em um engarrafamento, experimente então ouvir em
um local calmo, aconchegante e principalmente, bem acompanhado.
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Marcello Oliveira é
jornalista. Fale com ele: marothavio@yahoo.com.br
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