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Baby Boom
     
 
 
     
Kimi Raikkonen (esq.) contou com uma ‘mãozinha’ do brasileiro Felipe Massa para se tornar campeão da F-1.
 

25/10/07
E como não falar da Fórmula 1?

Gosto muito do momento que antecede a produção dos textos desta coluna. Milhares de temas esportivos flutuando à espera de serem capturados. Do outro lado, um jornalista a pensar, escolher, rejeitar, tornar a pensar e, num súbito momento de clareza – ou não – definir o tema a escrever. Todavia, este imenso prazer literário, em alguns casos, não acontece. O episódio esportivo da semana é tamanho que nos impede de fritar a cabeça atrás de um tema. Não há como fugir dele.

O máximo que dá é escolher uma abordagem dentro deste tema. No universo cultural, por exemplo, inclusive nesta revista eletrônica, o filme Tropa de Elite (2007) foi o tema “obrigatório” para muitos jornalistas, nas últimas semanas. E as abordagens foram as mais diversas: desde simples e objetivos textos até quem corroborou com o pensamento do torturador Nascimento.

Reflexões metalingüísticas à parte, essa semana me vi “obrigado” a escrever sobre a Fórmula 1, em especial sobre o GP do Brasil, prova que decidiu a categoria. E em meio a tantos enfoques a serem dados, como a do estreante negro que jogou o campeonato fora nas últimas duas corridas, o inesperado triunfo do azarão Raikkonen, rusgas abertas – inclusive nas pistas – entre os pilotos da Mclaren, espionagem entre equipes, escolhi aprofundar em um tema em que poucos membros da imprensa esportiva nacional, quiçá internacional, abordaram: o jogo de equipe da Ferrari na última prova.

A título de contextualização, há três anos, a FIA (Federação Internacional de Automobilismo) fez profunda reestruturação nas regras da F-1 a fim de torná-la mais competitiva. Dentre as mudanças estava a terminante proibição dos jogos de equipe entre os pilotos, tão estigmatizadas pela Ferrari na era Schumacher/Barrichello.

É claro que não há como comparar o que Massa fez para Raikkonen em Interlagos com o que Rubinho fazia para Schumacher, que literalmente trabalhava para o alemão. Mas o que transpareceu no GP do Brasil é que se disfarçar o jogo e armar um verdadeiro teatro, a coisa pode.

E, querendo ou não, um argumento é verdadeiro: dentre os 110 pontos conseguidos pelo finlandês no campeonato, dois – a diferença entre o segundo lugar a que tinha direito e o primeiro dado por Massa – não foram alcançados por conta própria, ao contrário de todos os 109 pontos de Hamilton e Alonso.

É claro que não crucifico Massa assim como faço com o pobre Rubinho, afinal de contas pode ser ele o beneficiado de amanhã. Tampouco coloco em cheque um dos melhores campeonatos dos últimos tempos. Porém, manipulações – nem mesmo as mais bem encenadas – não me agradam.

Será que, em situação semelhante, ao menos um dos gênios da dupla Piquet-Mansell seria capaz de gesto tão nobre? Senna faria isso por Prost? E o que dizer dos jovens, porém geniosos Hamilton e Alonso? Resultados deixados de lado, eu gosto é de ver o circo pegar fogo. Nada contra o Homem de gelo.

 

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Luiz Guilherme Ribeiro é jornalista, flamenguista, ateísta e mais alguns outros "istas". Escreve aqui todas as quintas. Fale com ele:luizguilhermemr@gmail.com


   
 

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