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Baby Boom
     
 
 
     
Craque do Barcelona, Ronaldinho Gaúcho, é garoto propaganda de vários produtos. Até personagem da Turma da Mônica o jogador virou.
 

18/10/07
Quanto vale a sua paixão?

Por mais popular que o futebol seja em um país pobre como o Brasil, torcer pelo seu time por aqui já não é coisa para qualquer um. E não apenas em função dos altos preços dos ingressos nos estádios, que fizeram elitizar um dos mais tradicionais e românticos programas do torcedor de outrora. Nos dias de hoje, torcer significa enfiar a mão no bolso, seja para ir ao estádio, comprar a camisa do seu time ou consumir o material midiático que o acompanha.

Ao lado das indústrias do sexo, das armas e das drogas, o futebol é hoje das coisas que mais movimentam dinheiro no mundo. E em tempos imagéticos como o que vivemos, grande parte do capital que mantém clubes, seleções e jogadores advém de publicidade. Para se ter uma idéia, dois terços do salário do jogador mais bem pago do mundo, o brasileiro Ronaldinho Gaúcho, é oriundo de contratos de propaganda.

Outra grande fatia da grana que abastece o futebol, sobretudo brasileiro, vem dos contratos de transmissão dos jogos. Os direitos do Brasileirão deste ano, por exemplo, foram adquiridos pela Globo por R$ 350 milhões. Na outra ponta do iceberg, o telespectador que, seja pela violência ou por qualquer outra coisa se afastou dos estádios, paga alto para assistir o campeonato. Não contando as transmissões da TV aberta – que pouco representam do total de jogos – a compra do pacote do Brasileirão pelas principais TV´s por assinatura saem, em média, a R$ 240.

O futebol europeu consegue ainda extrair dinheiro com duas coisas que, no Brasil, praticamente nada representam: bilheteria nos estádios e materiais ligados à marca do clube. A respeito deste último, o Real Madrid, por exemplo, oferece em seu site desde a tradicional camisa merengue, a € 80, até um colchão de cachorro decorado com o símbolo do clube, a € 31. Aqui, além de ser muito mais cara em proporção à nossa renda, a camisa oficial pouco rende ao clube.

Já em relação à bilheteria, os dez maiores times brasileiros giraram, há três anos, US$ 233,5 milhões, pouco mais de um décimo dos US$ 2,2 bilhões movimentados pelos top-ten da Europa na mesma época. Curiosamente, se para os clubes daqui a fatura sob renda nos estádios é quase simbólica, para os torcedores a brincadeira sai quase como uma fortuna. Se contarmos o ingresso, transporte e alimentação, um torcedor gasta em média R$ 50 em uma única visita ao estádio.

Para o bem ou para o mal, todos estes fatores demonstram como o futebol assumiu, de alguns anos para cá, um caráter muito mais mercadológico, comercial. E o grande prejudicado por isso tudo foi justamente o país onde melhor se joga o esporte: o Brasil. A Europa soube aliar futebol e dinheiro com muita maestria, elevando a qualidade dos seus clubes e, conseqüentemente, das suas ligas nacionais. O torcedor gasta com seu time, mas tem a certeza da qualidade em troca.

Já o Brasil não conseguiu nem uma coisa, nem outra. Perdeu o futebol romântico dos anos 50/60/70 e, mesmo com a maior escola de craques do mundo, tem hoje uma liga nacional capenga, times falidos e uma saudosa torcida.

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Luiz Guilherme Ribeiro é jornalista, flamenguista, ateísta e mais alguns outros "istas". Escreve aqui todas as quintas. Fale com ele:luizguilhermemr@gmail.com


   
 

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