
01/11/07
Desafios para 2014
Após disputar contra
ninguém o direito de sediar a Copa do Mundo de 2014,
o Brasil teve enfim a confirmação que todos
aguardavam. Candidato único desde abril, ocasião
em que a Colômbia, pressionada, desistiu de pleitear
a competição, o país do futebol
teve o aval da Fifa para receber, pela segunda vez na história,
o maior torneio mono-esportivo do planeta. E, assim como
na disputa-prévia, o próprio país e
suas mazelas deverão ser seus principais adversários
nessa caminhada rumo à realização de
um belo Mundial.
Valendo-se também para
a África do Sul, que sediará a próxima
Copa, é muita ilusão acreditar que muitos
dos problemas do país se resolverão apenas
com a realização do torneio. Contudo, são
inegáveis e inquestionáveis os benefícios
que uma Copa traz ao país-sede, como atração
de investimentos, geração de empregos, melhorias
em urbanização, infra-estrutura, turismo e
até mesmo aumento considerável do PIB do país.
O setor de transportes, por
exemplo, querendo ou não terá que se adequar,
desde profunda revitalização do hoje capenga
sistema aéreo, até construção
de metrô nas cidades-sede transporte queridinho
da Fifa. Esta última, em especial para nós
belo-horizontinos, enfim conseguirá barrar a máfia
das empresas de ônibus que, há anos, impede
a construção de um devido sistema metroviário
na cidade.
E, futebolisticamente falando,
as melhorias também serão muitas: além
de 12 estádios novinhos em folha, o futebol se desenvolverá
por completo no país.
A questão da segurança,
talvez o ponto que mais preocupe os gringos, é que
deverá ser levada como política de tapa-buraco,
assim como nos Jogos Pan-Americanos deste ano, realizados
no Rio. Repressão e carnificina nas favelas a dois
meses do início e encurralamento de favelado no decorrer
do torneio.
Porém, todas as exigências
da Fifa não deverão ser grandes empecilhos
para a organização brasileira. Os estádios,
moderníssimos, serão construídos e,
em grande parte, financiados pelo capital privado, o sistema
de transporte - ainda que efemeramente - funcionará,
a violência mesmo que a um alto e sangrento
preço também dará um tempo,
mas o que realmente preocupa e poderá manchar a Copa
de 2014 é essa corrupção que assola
o Brasil em quase tudo.
O que não pode é
o torneio ter um custo nove vezes maior do que o orçamento
original, assim como ocorreu no Pan do Rio. O que não
pode é deixar que vontades políticas norteiem
as decisões acerca do torneio. O que não pode
é uma diretoria como essa da CBF, que faliu os clubes
brasileiros enquanto se enriquecia, conduzir a realização
do torneio.
No mais, que venha para cá
o Mundial. Ah, só mais uma ressalva: só não
pode acontecer como em 1950.
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Luiz Guilherme Ribeiro
é jornalista, flamenguista, ateísta e mais
alguns outros "istas". Escreve aqui todas as quintas.
Fale com ele:luizguilhermemr@gmail.com
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