21/06/07 - Quinta-feira
A pátria de chuteiras, da Nike

Fenômeno de uns dez anos para cá, a Seleção perdeu o status de aspiração-mor do jogador brasileiro. Não bastasse o seu invejável currículo, a canarinho vem sendo substituída no cenário internacional pelas equipes estrangeiras – nem sempre as de primeira linha, como Real Madrid, Milan e Barcelona, mas também pelo futebol turco, ucraniano, russo e árabe.

Hoje, um jogador de 12 anos, quando não negociado com um clube europeu, já tem definido em mente as suas aspirações profissionais: jogar na Europa e ser o melhor do mundo (este último, que sobrepuja os objetivos de grupo e, em alguns casos, a objetividade de jogo, também é digno de mais profundas reflexões, porém talvez em outra oportunidade). Mas fato é que jogar na Seleção já não é mais sonho dos nossos jovens jogadores.

Nossos melhores atletas deixam o país quando, no máximo, aos 22 anos e, quase sempre, no meio das competições – daí o constante entra e sai no time titular das equipes. Assim, os times da 1ª divisão nacional são obrigados a contar com um plantel predominantemente formado por garotos da base ou de medalhões em fim de carreira – o que há de melhor já se foi.

E tudo favorece este cenário. Os jogos são distantes da torcida – ultimamente, Londres tornou-se a casa do Brasil -, o calendário não permite que os jogadores se dediquem à Seleção e, nas quedas de braço entre times e confederações, quem paga os salários sempre sai ganhando.

E o resultado disso tudo é uma não identificação entre jogadores e torcida. Se antes víamos os representantes dos nossos times, ou mesmo dos nossos rivais, na escrete canarinho, hoje vemos uma invasão de desconhecidos Afonsos com a 9 brasileira.

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Luiz Guilherme Luiz Guilherme Ribeiro é jornalista, flamenguista, ateísta e mais alguns outros "istas". Escreve aqui todas as quintas. Fale com ele:luizguilhermemr@gmail.com