
05/01/08
Ano novo, vida velha
Eu queria
começar o ano com um texto diferente. Algo motivador.
Pensei em escrever sobre política, mas começamos
o ano com uma sacanagem, o aumento de impostos feito no
escurinho... E não é mole agüentar o
Mantega dizendo que o presidente prometeu que não
aumentaria em 2007. Estamos aumentando em 2008...
Nada mudou. Continuam me tratando como idiota. Ano novo
não existe! É só uma convenção
dos homens para medir a passagem do tempo. Tudo que existia
até dezembro do ano passado continua existindo em
janeiro deste ano.
Mas para a maioria das pessoas,
ano novo é vida nova! Hora dos planos!
Então vamos lá. To na praia descansando, mas
vou no clima...
Este ano você vai emagrecer?
Vai parar de fumar? Mudar de emprego? Vai casar? Ter um
filho? Trocar de carro? Curar a dor nas costas? Vai abrir
sua empresa? Vai fazer as pazes com seu pai? Vai?
Albert Einstein disse que Não
podemos resolver problemas usando o mesmo tipo de pensamento
que usamos quando os criamos.
O mundo continua igual este ano ao que era no ano passado.
Seu chefe mal humorado é o mesmo. Seu colega que
quer te dar aquela rasteira também continua lá.
A morena que não te dá bola continuará
não dando. Aquela dívida que não termina,
ainda tem que ser paga... Os mesmos problemas te esperam
e você não vai resolver nenhum deles pensando
como pensava no ano passado, sacou?
Os mais simplórios acharão
que falo sobre mudança de hábitos. Não.
Estou falando sobre mudar o pensamento. Os hábitos
mudam como conseqüência.
Vamos então à
nossa sessão auto-ajuda de começo de ano?
Usarei a Fórmula da Inovação, a mesma
que apresento em minha palestra, que é um roteiro
para planejamento estratégico. Mas que trata principalmente
de comportamento e de expectativas. É um exercício
de reflexão. Se for bem feito, ajuda a mudar o pensamento.
E, quem sabe, te facilita partir para a ação.
Usarei como exemplo a necessidade de emagrecer. Veja se
serve pra você.
Nosso roteirinho básico
começa listando suas inconveniências atuais.
Você tá gordo? Quão gordo? Tá
incomodado? Quais são os inconvenientes de continuar
gordo? Dor nas costas? Roupas que não servem mais?
Cansaço? Feiúra? Dores nos pés? Risco
de enfarte? Ser motivo de piada? Virar ponto de referência?
Se você não tem claros esses inconvenientes,
não há motivação pra mudar.
Em seguida pense na vantagem
futura da mudança. Se você emagrecer, o que
vai melhorar em sua vida? O que essa melhora representará
em termos que qualidade de vida para você? Quanto
mais vantagens você achar, mais motivação
para mudar terá.
E então você tem
que refletir sobre os riscos. Quais são os riscos
que terá que correr pra emagrecer? Ir pra academia
às seis da manhã? Parar de tomar chope? Deixar
de comer chocolate? São riscos aceitáveis?
Se não são, eles reduzirão sua iniciativa
para a mudança. O que é que dá pra
fazer para reduzi-los? Mudar o horário da academia?
Mudar de academia? Arrumar uma companhia?
E então você deve
começar a comemorar as pequenas vitórias.
Passado um mês, emagreceu um quilo! No mês seguinte,
outro quilo! No terceiro mês, sente-se muito bem.
No quarto mês, sumiu a barriguinha! Dorme melhor!
A calça antiga serviu! Cada uma dessas pequenas vitórias
é um multiplicador para sua intenção
de mudança. Reforça a crença de que
o esforço está dando resultados. Cala a boca
dos urubus, que dirão que não vai dar certo.
Recompensa quem se entrega ao desafio.
E o velho truque é largar os objetivos genéricos,
tipo vou emagrecer, para focar em algo mais
quantificável, mensurável. Emagrecer quanto?
Em quanto tempo? Esse é o segredo: metas alcançáveis,
com prazo para acontecer. Pequenos truques que aprendemos
no universo profissional e que podem dar muito certo no
plano pessoal.
Então bem-vindo a 2008.
E guarde uma perguntinha:
- Todo ano o ano muda. E sua
cabeça, muda também?
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Luciano
Pires é jornalista, escritor, conferencista
e cartunista. Faça parte do Movimento pela Despocotização
do Brasil, acesse www.lucianopires.com.br.
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