
27/10/07
Pequeno prazer
número quatro:
Tomar um café
bem quente nos dias cinzas e molhados da primavera paulistana
O pretinho é uma parte
indispensável do nosso cotidiano e não é
só em São Paulo, onde a produção
do grão é uma referência mundial e os
dias se arrastam com a interminável garoa. De norte
a sul do país, ele é uma unanimidade.
Ao acordar, uma bela xícara
de café preto e estamos preparados para enfrentar
o dia. Uma refeição só está
completa, após um cafezinho. No meio da tarde no
escritório, para desanuviar a cabeça, é
um santo remédio! Ao entrar em um lar brasileiro,
por mais simples que seja, uma xícara de café
fresquinho será oferecida.
O grão que parece tão
brasileiro, surgiu na verdade bem longe daqui, na Etiópia
no século XV. Logo se expandiu pelo Oriente através
dos mercadores e só depois cruzou o oceano para chegar
ao novo continente.
Os tipos de café são
muitos, de acordo com a origem, o cultivo, a conservação,
o grau de torrefação e as misturas. Mas, só
existem quatro variedades de grãos no mundo: o moca,
o robusta, o arábica e o maragogipe.
No quesito mistura, a bebida
pode receber duas classificações: blend quando
há a junção de diferentes grãos
e mistura, se há a presença de outros cereais.
É preciso ser um conhecedor para perceber as sutilezas.
A partir daí é uma questão de preferência.
Um grão em especial
é bastante procurado pelos conhecedores: o caracolis,
mais conhecido como café-pérola. O caracolis
é criado por um mistério da botânica,
que faz com que certos frutos do cafeteiro tenham um só
grão no interior, ao invés de dois como é
comum. O que o torna mais saboroso e aromático.
Se você já é
viciado em cafeína e está em busca de emoções
mais fortes, sugiro o caviar dos cafés: o Blue Mountain
da Jamaica. Famoso por sua qualidade, este café é
feito com mudas de arábicas plantadas a mais de dois
mil metros de altitude em terras férteis, irrigadas
pela água pura das torrentes, num clima tropical
ameno. O acondicionamento é feito em barris de madeira
branca. O resultado é um café delicado com
suaves traços de chocolate.
Seja qual for o tipo de grão,
o café vai bem em quase tudo: leites, cremes, doces,
sorvetes, especiarias, chocolates e até como ingrediente
especial em alguns pratos salgados. É uma bebida
que tem o poder de nos confortar com seu aroma familiar
e de nos conectar com outras pessoas, pois afinal quem pode
resistir a um cafezinho negro como o diabo, quente
como o inferno, puro como um anjo, suave como o amor,
como dizia o político e diplomata francês,
Talleyrand.
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Liana Carvalho é jornalista especializada
em Telejornalismo pela
Universidadde Anhembi Morumbi de São Paulo. É
uma afixionada pela combinação de vinhos e
comidas, e se tornou Sommelier pela ABS - Associação
Brasileira de Sommeliers. Trabalhou por cinco anos no jornal
Correio Braziliense e hoje colabora com jornais e revistas
na capital
paulista. Fale com ela:
leecarvalhius@yahoo.com.br
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