OPPERAA
 
Baby Boom
     
 
 
     

Teu sossego retumba. Já sim, meu achaque cavalar neste momento é compatível com tua patologia. Temos agora o mesmo, dois que só um. De agora em diante, sirvo o acaso com o silêncio de meu irmão

 

28/09/07
Aamo abaçaí (ou a Lua que espreita)- Parte final
Acemira (ou o que faz doer)

6
(entardecer)

Fernando: Havia lhe dito que minha curiosidade e desconfiança ainda estavam ameaçadas. Além disso, o caminho que percorremos é maior que minha lembrança.

Paulo: Cesse teu despautério. Essa tua perniciosa ressalva conjura meu zíngaro anexim.

Fernando: Por que fala desse jeito? As palavras brotam estranhas de sua boca.

Paulo: São teus orifícios, remotos de aclaração que não atinam nem a um simplório pormenor.

Fernando: Como?

Paulo: Por condescendência, não me esfalfe com tuas beócias reminiscências de axiomas não elucidados.

Fernando: Penso que este sol há de cozer ainda mais sua cabeça. Parece que fala outra língua e isto começa a me aborrecer.

Paulo: Neste andamento, todo o traço que engendrava ter do legítimo é esfacelado pelo apócrifo onírico. Não há pé que te explane o acontecer que vai te calhar em subseqüência. Não há alegoria na hermenêutica, miolo disparatado ou elocução incongruente. O que será oferecido às tuas gemas é algo indizível.

Fernando: Paulo! Não me force a tomar medidas.

Paulo: Atina? A cousa está no rabo de fenda para cabeço.
Fernando: Então tome: Ambrósia com limão capeta faz periquito de parede dar caldo de pedra na nuvem.

Paulo: Tuas exposições neologísticas iniciam um atentamento para explanações. Mas, destarte, ainda irrompem-me a uma pífia calefação empírica.

Fernando: Se a putreférria da angopádoa tomar cajudetibitipoca, não haverá karevixuxuba que lhe dê jeito. Cuidado...

Paulo: Nesta verborragia concebo exórdio.

Fernando: Botogafretada if jubetificakiki rapafecará pakanomi brumbrumpol dinhãmubichara aobigotuvetada paduta!

Paulo: Preâmbulo exultante. Alegoria frondosa de ramos para ti, meu semelhante.

Fernando: ...

Paulo: Teu sossego retumba. Já sim, meu achaque cavalar neste momento é compatível com tua patologia. Temos agora o mesmo, dois que só um. De agora em diante, sirvo o acaso com o silêncio de meu irmão. Pendo ao destino com a segurança do improvável. Conjuro minha situação, que é mais notória que de meu irmão e menos possível, mas que se apresenta como melhor saída à palavra que não mais existe.

(Fernando enlouquece, não consegue articular a palavra. Seus olhos estão aturdidos e distantes. Paulo o ajuda. No lugar onde deveria existir o peito de Paulo, havia um buraco. Por onde carregava Fernando de volta para casa).

Fim

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Leonardo Rocha é jornalista, ator e cineasta. Fale com ele: E-mail: nadorocha@yahoo.com.b




 
 
 

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