
27/11/07
Pelea de perros (parte
1)
Não dá pra fugir.
Não dá pra deixar para depois. Se você,
caro leitor, fosse escolher, no último dia do ano,
a homem do ano da revista norte-americana Time,
quem você escolheria? Não tem pra ninguém:
se eu fosse outorgar a alcunha para alguma personalidade,
ele seria o agraciado. Ele, o odiado, o amado, o polêmico,
o fanfarrão, o populista, o libertador, o etc., Hugo
Chávez!
Não houve, em qualquer
campo, personalidade de tanto destaque quanto o presidente
venezuelano. Ouvimos falar dele em programas políticos,
em reportagens sobre economia, em atrações
esportivas, até naqueles programas da tarde chamados
femininos, conduzidos por senhoras. É
impressionante que, dentro do turbilhão de informações
desta era internética, a grande referência
política mundial deixe de ser o ignóbil presidente
da nação mais poderosa do mundo para ser o
líder de um país sul-americano que, tradicionalmente,
sempre foi um coadjuvante dentro do próprio espaço
continental. A frase do rei Juan Carlos, da Espanha, mandando
Chávez se calar, virou um hit, e pode ser ouvida
em toques de celulares de todo o mundo. Isto é que
é globalização, o resto é bolinho.
Observa-se, porém,
que este destaque a Chávez está a milhares
de quilômetros de ser por fatores positivos. Descobri
a roda? Pois sim. O que é destacado pela imprensa
sobre o homem que manda na Venezuela são suas tentativas
de expansão de poder, de instalar uma ditadura plebiscitária,
de levar a nação para o buraco, de querer
dominar outros países da América latina, de
ser o suporte das Farc, de manter Cuba sozinho, etc. Uma
figura extremamente controversa, que quer dar um futuro
extremamente nebuloso para os venezuelanos.
Quem dera a realidade fosse
tão simples. Chávez têm inclinações
ditatoriais? Descobri a roda novamente. Ele tem planos de
expandir sua influência no mundo? Óbvio ululante.
Mas, será que Hugo Chávez encarna apenas o
demônio? Se sim, por que seus compatriotas não
vêm isso? Ora, não sejamos ingênuos.
Os planos de Chávez esbarram nos planos da elite
que antes governava a Venezuela (e ainda tem o predomínio
em algumas partes do país). É briga de cachorro
grande, e a polarização do país é
prova irrefutável dessa disputa de Bem contra Mal
(ou Mal contra Mal, mas nunca Bem contra Bem), apesar de
ser difícil saber qual dos lados é o Bem e
qual é o Mal.
Espero, com muita expectativa,
o desfecho da questão da reforma constitucional do
nosso vizinho ao norte. Quem se sagrará vencedor
desta batalha? Comentarei o resultado e suas implicações
na próxima semana. Até lá, desafio
o leitor a se calar diante do assunto Hugo Chávez.
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Ivan Bomfim
é jornalista, graduando em História e pós-graduando
em Relações Internacionais. Busca compreender
o mundo contemporâneo, mas sempre com um olho na História,
afinal "o presente é o reflexo do passado".
Fale com ele pelo email: ivanjornalista@yahoo.com.br
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