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El comandante deixou, oficialmente, de dar as cartas no regime cubano na última semana, embora sua posição ainda lhe permita certa influência na burocracia da ilha por mais algum tempo.
 

26/02/08
A um passo do futuro

Lá se vai Fidel Castro da cena mundial. Se não fisicamente, encaminha-se para o ostracismo político. El comandante deixou, oficialmente, de dar as cartas no regime cubano na última semana, embora sua posição ainda lhe permita certa influência na burocracia da ilha por mais algum tempo.

E como será esta nova Cuba? Inicialmente, é importante não acreditar nas previsões da imprensa de grandes mudanças no governo cubano de maneira quase imediata. Não se constrói um aparato estatal durante quase meio século para ser desmontado em algumas semanas. As instituições, as prerrogativas e as idiossincrasias do sistema ainda perdurarão por um tempo, levando à percepção de que Raúl Castro não é tão diferente, no quesito “governabilidade”, de seu irmão mais velho.

Mas, com o passar do tempo – e por que não dizer, dos indivíduos – Cuba irá mudar. E tem grandes chances de que, aliando seu histórico senso de independência aos investimentos estrangeiros, a ilha consiga alavancar bons índices de desenvolvimento e produção. Mantendo a seriedade com que encara a educação e a saúde, há boas possibilidades de um futuro de “paraíso tropical” sem que isto seja verdade apenas para os turistas, mas sim para a população como um todo. Os pré-candidatos ao governo norte-americano pelo Partido Democrata, Barack Obama e Hillary Clinton, já acenam com a mudança de rumo nas relações entre os dois países, ao contrário de John McCain, do Partido Republicano, que quer um endurecimento dos EUA ante Cuba. Não devido a isso, mas como um reflexo de seu ideário, ele é visto como o virtual perdedor das eleições de novembro.

Faz-se essencial, porém, perceber que tudo isto pode dar errado. Devido à proximidade com os EUA, a ilha receberá uma enxurrada de investimentos, e a maioria deles da comunidade cubana de Miami, que é radicalmente contra ações de cunho socialista. Assim, a especulação imobiliária, a exploração da mão de obra e outros grandes defeitos capitalistas atingirão em cheio a ilha, fazendo rachar a sociedade cubana e erigindo uma nova organização social. A matemática é fácil: se hoje todos os cubanos são pobres, no segundo momento uma parte será pobre e a outra (menor obviamente) bastante afortunada. Não sendo tomados os cuidados necessários, a euforia yuppie dos anos 1980 invadirá a ilha. Afinal, money talks.

Tudo pode acontecer deste “novo” país que se avizinha no horizonte. Mas será algo de bom? Fidel sai de cena para entrar na História, parafraseando Getúlio Vargas. Mas Cuba continuará existindo, e sua história será determinada pelo que acontecerá nos próximos anos.



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Ivan Bomfim é jornalista, graduando em História e pós-graduado em Relações Internacionais. Busca compreender o mundo contemporâneo, mas sempre com um olho na História, afinal "o presente é o reflexo do passado". Fale com ele pelo email: ivanjornalista@yahoo.com.br


   
 

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