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10/07/07
A imbecilidade como marca registrada by USA



A foto todos já devem ter visto. Na sala de imprensa dos EUA, no complexo do Riocentro que servirá de casa para jornalistas brasileiros e estrangeiros, uma frase escrita com pincel atômico preto num quadro branco, aparentemente simpática, chamava a atenção. “Welcome to the Congo!”. O autor, o gerente de imprensa Kevin Neuerndorf, aparece na foto também, com um desodorizador em sua mesa, postado bem à sua frente. Seu mau-caratismo foi tão grande que ele afirmou estar fazendo uma “brincadeira, por causa do calor “. Pois bem, além da sala onde ele trabalhava ser climatizada, naquele dia de inverno carioca a temperatura médio na região do complexo de imprensa não ultrapassou os 22,5 graus Celsius. Todavia, na cidade onde o sensível Neuerndorf vive, Colorado Spring, a média no mesmo dia foi de 28 graus Celsius.

Naquele dia, ele deve ter pensado: “que melhor oportunidade de demonstrar desprezo e preconceito por outras nações e povos do que numa competição continental?”. Ora, acertou na msoca!. Afinal, as próximas Olimpíadas serão disputadas em Beijing (Pequim), na China, e provavelmente o sr. Neuendorf não teria colhões de fazer a mesma “joke”. Imagine a frase “Welcome to the Soviet Union”, ou “Vietnan”, ou algo parecido, na terra de Mao Tse Tung?

Somos o país do carnaval. Congo, selva, índios e mulheres nuas, é tudo a mesma coisa, não é? África, negros, árabes, México, qual a diferença?
Eu endossaria, e aplaudiria, se nosso amigo Neuendorf tivesse escrito em seu quadro uma frase como “bem vindo ao país de Calheiros”, ou “à terra de ACM”. Seria politicamente incorreto, mas seria justo. Mas, não. A descomunal inteligência e sensibilidade do sr. Neuendorf não o deixou fazer uma brincadeira tão simples. Ele teve que juntar forças e ir fundo, no lugar mais baixo que conseguiu alcançar. A eloqüência de seu elogio foi tão estrondosa que ele conseguiu ofender dois países e povos distintos ao mesmo tempo, com apenas quatro palavras.

Seria expressivamente mais útil (ou menos inútil) comentar sobre os arquivos secretos revelados pela CIA há pouco mais de uma semana, nos quais se confirmam algumas suspeitas acerca das atividades pouco abonáveis da agência de inteligência americana, como o apoio aos golpes militares na América Latina, o monitoramento das atividades de cidadãos estadunidenses (algo proibido à CIA, que só poderia tratar de assuntos externos) e até um acordo com a máfia para matar Fidel Castro. Mas, às portas de uma celebração do esporte, não há nada mais repugnante que o preconceito – ainda mais se é proveniente daqueles que se auto-intitulam a “doce terra da Liberdade”. A delegação dos EUA, além de ser a mais vigiada, também será, de longe, a mais vaiada. Acredito, inclusive, que, em disputas EUA X Argentina, o público torcerá entusiasmadamente para os vizinhos do sul. Afinal, Congo, latinos, África, índios, argentinos, não são tudo a mesma coisa?


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Ivan Bomfim é jornalista, graduando em História e pós-graduando em Relações Internacionais. Busca compreender o mundo contemporâneo, mas sempre com um olho na História, afinal "o presente é o reflexo do passado". Fale com ele pelo email: ivanjornalista@yahoo.com.br

 

 

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