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A crise deflagrada no fim de semana entre os governos de Colômbia, Equador e Venezuela aumenta consideravelmente a instabilidade no continente sul-americano.
 

05/03/08
Nuvens negras

A crise deflagrada no fim de semana entre os governos de Colômbia, Equador e Venezuela aumenta consideravelmente a instabilidade no continente sul-americano. As declarações de Hugo Chávez, de que este pode ser o início de um conflito armado na região, são uma ameaça ao governo colombiano disfarçada de constatação.

Revendo os fatos: a Colômbia avisou ao governo equatoriano que enfrentava guerrilheiros das Farc na fronteira entre os dois países. Contudo, no fim de semana, foram encontrados mortos dentro de território equatoriano 17 integrantes da guerrilha colombiana, entre eles aquele que é considerado o número dois na hierarquia da organização, Juan Reyes. O governo do Equador declarou, pouco tempo depois, que o expurgo realizado por obra colombiana em seu território não havia sido um combate, mas sim um massacre: os mortos estavam de pijamas, no acampamento da guerrilha – foram alvejados mulheres e crianças também. Uma tática que acabou sendo comparada por autoridades equatorianas à utilizada pelo Mossad (serviço secreto de Israel), que seqüestrou foragidos nazistas em vários países para julgá-los – e condená-los – em Israel.

Venezuela e Equador chamaram de volta seus embaixadores em Bogotá, e colocaram tropas na fronteira com a Colômbia. A situação escalou rapidamente para um processo militarizado, e os presidentes de Brasil e Argentina, Lula e Cristina Kirchner, passaram o fim de semana todo buscando medidas diplomáticas para evitar o pior.

Embora a Colômbia tenha formalizado um pedido de desculpas ao Equador pela clara violação de soberania, o vice-presidente do país, Francisco Santos Calderón, fez menção à falta de combate dos governos equatoriano e venezuelano à guerrilha, e afirmou que não aceitará provocações à soberania do país.

Temos aí um impasse. O que fazer se os dois países vizinhos ao seu não combatem a guerrilha que ameaça sua instabilidade? Ao mesmo tempo, não se pode invadí-los em táticas Rambo e fazer justiça com as próprias mãos, pois isso é uma afronta às convenções internacionais. Procuremos entender os motivos para tanto rebuliço: há muito tempo que o mandatário colombiano Álvaro Uribe é visto com reservas e desprezo por outros líderes da região. Ao manter-se como aliado direto de Washington, Uribe incomoda um continente que, em sua maioria, nunca viu com bons olhos a intromissão norte-americana. Por outro lado, há denúncias veementes do envolvimento de Hugo Chávez e de Rafael Correa com as Farc, as quais supostamente teriam vista grossa para agir em seus países.

O que se pode inferir é que esta é uma situação sem bandidos ou mocinhos. Não considerar a guerrilha uma organização terrorista, como Hugo Chávez conclamou os países sulamericanos a fazer, é de uma imoralidade atroz. Apoiar ações como a da Colômbia, orquestrada com interesses dos EUA para a desestabilização da região, também não pode ser concebido. Para onde correr, então? Espera-se que, em seus esforços, Lula e a Sra. Kirchner consigam ajudar a manter as armas e os ânimos descarregados. Um conflito seria desastroso para a América Latina, em todos os níveis de análise.



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Ivan Bomfim é jornalista, graduando em História e pós-graduado em Relações Internacionais. Busca compreender o mundo contemporâneo, mas sempre com um olho na História, afinal "o presente é o reflexo do passado". Fale com ele pelo email: ivanjornalista@yahoo.com.br


   
 

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