
19/08/08
Procura-se
Procura-se uma casa para morar. Não precisa ser grande,
mas não pode ser tão pequena que não
caiba dentro dela sonhos e guloseimas. De preferência,
que tenha dois andares, só para ter uma escada. Se
pudesse ter a escada sem os dois andares, já resolvia.
Procura-se uma casa que tenha quintal. E que no quintal
tenha árvores. E que uma delas seja de jabuticaba,
pé carregado, a casca brilhando. E um lugar para
ser feito o jardim, com um cantinho para as orquídeas
que presenteiam a mulher amada.
Procura-se uma casa que tenha uma sala na qual se possa
ter uma televisão de tela bitela. E que caiba um
sofá do tamanho de uma cama, que é para assistir
filmes nos dias de chuva, com os pés juntos, debaixo
do cobertor de orelhas, com direito a pipoca e chocolate.
Para os dias quentes ou amenos também. Enfim, para
assistir filmes todos os dias, pois uma das melhores coisas
da vida é assistir filme, em casa, no cinema, na
praça...
Procura-se uma casa com um quarto grande, para caber papéis
arquivados, livros, muitos livros, revistas colecionadas,
fotografias organizadas por data e assunto, materiais de
campanha política juntados desde 1982 e mais papéis.
Vai que um dia destes, de forma mágica, os papéis
todos viram ouro. A casa vai ter uma fortuna dentro dela.
Procura-se uma casa cheia de espelhos. Com piscina para
mergulhar, com banheira para se esquecer da vida. Uma casa
para aconchegar o amor, para colher os frutos, para saciar
o desejo, para compartilhar com os amigos, para a família
desfrutar, para se ter um canto para chamar de seu.
Procura-se uma casa com uma vontade enorme de criar raiz,
com a certeza do sossego, com a calma de quem sabe o que
quer encontrar.
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Hamilton Reis
edita o jornal Fato em Contagem, gosta de política,
cinema, fotografia. É formado em jornalismo pelo
Uni-BH. Fale com ele: hrjornal@uol.com
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