OPPERAA
 
Baby Boom
     
 
 
     

Na cama não há lugar para três. Repita o milagre do vinho e do pão. Embriague-me com bodas e festas, se o que me resta é só um caminho perdido, que não conduz mais ao paraíso....

 

23/05/08
Maria


Aos meus olhos não eram permitidos a tua imagem de santa e teu ventre de virgem, pois apenas te via em meio às prostitutas, levando a elas palavras de ilusão...

Panos sujos de vermelho e de prazer, as cores sujas dos lençóis coloridos, as mãos feridas com a tua dimensão. O carinho mal disfarçado, vendido barato por preços de ocasião. A tua boca maldizendo os homens e amando mulheres pelos caminhos que envolvem as pernas. Invadindo os desejos apressados, que não conhecem pudor, nem dor, nem limite, nem minuto, nem ausências traçadas pelo brilho trágico de batom, em tons retocados no fosco da paisagem, que desce a cidade, invade a calçada, se molha em pouco tempo, longe da chuva. Em lágrimas que buscam a sua trajetória, como se a perguntar por quê...

Quem dá mais por tuas carícias?

Quem é que te faria amor?

Quem é que te faria amor sem te exigir mais do que isto?

Não se vista de lama, entre a glória e a fama apenas deixarei de ser mais uma estrela a encenar o contraste das notícias que encantam cenários estampados em páginas de jornal.

Esperando pelo fim diga sim mais uma vez. Na cama não há lugar para três. Repita o milagre do vinho e do pão. Embriague-me com bodas e festas, se o que me resta é só um caminho perdido, que não conduz mais ao paraíso....

Nem se aproxima do inferno em que me encontro, embora cante que um encanto eu conto, como algo que já não há mais tempo para ser. Quando for Natal (dizem que há sempre este tempo) diga para o teu Menino deixar o badalar dos sinos porque ninguém vai perceber se ele partir ou chegar. Diz para ele que espero a morte e quando chega a noite brinco com a sorte, entrego meu corpo ao que primeiro por ele pagar. Talvez me amanheça outro dia, em paz. Aí, diga a ele que se esqueça... já será tarde demais.


De Nazaré, uma mulher qualquer a andar por aí.


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2007


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Hamilton Reis edita o jornal Fato em Contagem, gosta de política, cinema, fotografia. É formado em jornalismo pelo Uni-BH. Amante das letras escreve aqui quinzenalmente. Fale com ele: hrjornal@uol.com

   
 

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