
24/01/08
Morreu José
José morreu assim,
num suspiro.
Sozinho!
Em casa, conversava com a solidão,
Mas a solidão o deixou
sozinho e partiu!
Ficou calado,
quis morrer... Morreu José,
Moço bom, companheiro!
Mas na avançada velhice,
não somava amigos.
Filhos distantes, ausentes,
apesar de vivos;
não eram muitos:
seis...talvez sete...
José não se lembrava
bem!
Morreu José, casado
com Maria do Rosário,
amor de muitos tempos,
de tempos sofridos,
de tempos vividos,
amor já sem tempo.
Maria morreu primeiro,
tempos antes de José,
tempos distantes.
José ficou só,
no amor,
compartilhou noites inteiras
com a dor,
dias com o desamor,
Mas morreu José...
Sua morte ninguém anunciou,
nem rádio, nem televisão,
jornal ou qualquer disco voador;
Mas nem por isso José
esperou,
partiu.
Sonhou com isso tempos atrás...
tempos presentes...
Morreu José, de vida
vivida com respeito,
de caráter que o tempo
não levou.
Quem diria...
...morreu José.
Ninguém diria, ninguém
disse...
José se foi.
Ninguém chorou.
A morte o abraçou.
Os amigos, os filhos, não.
Mas a vida tem disso
ela morre para a morte.
E num dia de brilho pouco,
morreu José,
ninguém apareceu.
Providências? Alguém
tomou...
A pequena casa de José
motivará grandes disputas,
de filhos sumidos que aparecerão!
Morreu José!
Silêncio!
Façamos uma oração!
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Gledson
José Machado é jornalista, amante
da literatura, da poesia e das escritas. É assessor
de comunicação da Açoforja. Escreve
todas as quintas-feiras. E-mail: gledsoncd@gmail.com
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