
14/02/08
Etnocentrismo
Ele chega de outro lugar,
de longe.
Os que aqui estão, nem
o percebem!
A roupa não lhe é
cartão de visitas.
Ele trabalha muito:
cava buracos, some em buracos,
suja-se!
Enquanto isso, espera pelo
almoço!
A serra que se forma em seu
prato incomoda muitos,
dizem:
* Que falta de educação!
* Como pode comer assim?
* Ele vai passar mal...
Ele come tudo, com educação.
Nos dias seguintes, a história
se repete...
novos comentários.
Naquela empresa, a primeira
vez de tal cena.
Como ele trabalha!
Vem com um contrato miúdo,
de uma empresa qualquer,
pouco dinheiro e trabalho duro,
muito.
Em casa, muitos são
os filhos.
Às vezes comem carne...
e não é por escolha,
mas por falta!
Alguém pra ele chega
e pergunta?
* Moço, o senhor vai
ficar com fome...
* Como consegue comer só isso?
Ele apenas sorrir,
não responde,
percebe a ironia.
Em outro dia, outras ironias...
Alguém pra ele diz:
* Você não passa
mal com tanta comida?
Ele responde:
* Passo não senhor,
essa a única do dia!
Leia
também
07/02/08
- A morte como cliente
24/01/08
- Morreu José
17/01/08
- Perfumes de palavras
10/01/08
- Aos 17 e 33 anos
03/01/08
- Desejos além de hoje
2007
___________________________________
Gledson
José Machado é jornalista, amante
da literatura, da poesia e das escritas. É assessor
de comunicação da Açoforja. Escreve
todas as quintas-feiras. E-mail: gledsoncd@gmail.com
|