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12/07/07 - Quinta-feira
Minha criança

Hoje preciso ser um pouco criança, talvez um pouco não resolva, preciso ser todo criança.

Criança na mais bela magia de ver o mundo com olhos esperançosos; com sorriso de otimismo; com singelo olhar que acredita que as pessoas são boas. Às vezes canso de brincar de adulto. Meus velhos brinquedos já não tocam musiquinhas. Estou perdendo, e isso me preocupa, a alegria de observar cada folha de uma mesma árvore com olhar diferente. Minhas mãos já não sentem mais com a mesma magia o frescor e sensualidade da água. Meus papagaios, onde estão? Voaram com meus sonhos. Minhas antigas amizades; desculpem-me! Não tenho tempo para vocês; preciso encontrar outras.

Preciso, urgentemente, de um pediatra que me receite remédios gostosos. Não importa se não curar meu pequeno resfriado. Quero ver os brinquedos do seu consultório, aquela maleta que sempre me intrigava. Pulsa em mim a vontade de abraçar as pessoas sem me preocupar com que vão pensar. Esses dias precisei chorar um pouco, mas tive vergonha, de quê? Talvez de revelar-me não ser tão durão. Por quê não chorei? Creio que agora estaria melhor! Tudo bem, haverá novas oportunidades; tentarei não deixá-las passar.

Pedirei minha mãe que me leve ao parque. Era muito bom aquele velho lençol estendido debaixo daquela velha árvore. Pai, será que podemos ir ao campo pelo menos mais uma vez juntos? Prometo que torcerei pelo mesmo time que o senhor; só pra não causar intrigas. Sabe como é! Esse negócio de futebol pode estragar uma bela tarde.

E aqueles cumprimentos para quem eu nem conhecia; o importante era ser amigável. Preciso estar mais próximo da vida, do sorriso que às vezes deixo debaixo do travesseiro, do otimismo que teima em se esconder dentro da geladeira. E fica lá, quase congelado. Quando percebo, o deixo em cima da pia para que possa descongelar um pouquinho. De vez em quando, o levo até o sol.

E aquele sorriso sapeca, onde ele foi parar? Aquele mesmo que conquistava tias, primas e companhia limita. Acho que ele ficou um tanto introspectivo. Perdeu muito do seu brilho, da sua elegância infantil. Ganhou novos contornos, novas preocupações.

Minha criança sorri sempre que mais preciso. Às vezes um sorriso sem graça, sem cor, mas alegre. E sustenta meu adulto, que se mostra debilitado, tão frágil com a vida que acontece aos nossos olhos. E nesses diálogos consigo equilibrar meu sorriso e meu choro, entre minha criança e meu adulto.


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Gledson José Machado é jornalista, amante da literatura, da poesia e das escritas. É assessor de comunicação da Açoforja. Escreve todas as quintas-feiras.
E-mail: gledsoncd@gmail.com

 

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