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19/08/08
Ensaio
Já faz algum
tempo desde que ela se foi!
Minhas lágrimas
não rolaram na despedida. Talvez por isso, agora,
sejam tão insistentes.
Queria apenas lhe dizer
olá, ou talvez chamar para um café, ou chá.
De repente um vinho; ela gostava tanto!
Ainda sinto o vento
triste que soprava naquele dia. Rosas no chão; talvez
quisessem compartilhar comigo alguma dor. Tenho pensado
muito nela: nossas conversas, brigas, sexo, os poemas inacabados,
sua inteligência. Também sinto muita falta
do seu sorriso.
Hoje estou melhor, por
isso escrevo!
Não me lembro
da última vez que escrevi. Sinto que as palavras
não querem ser mensageiras da minha dor. Eu escrevia
muito! Adorava ver poesia em tudo, fazer de tudo um duro
e belo poema, mas parei no momento em que ela se foi.
Muitos me dizem que
eu preciso reagir, não posso me entregar.
Estou tentando. Já
me demiti; estou por conta da minha recuperação.
Tem dias que penso em desistir, deixar pra lá esse
negócio de lutar pela vida. Tem dias, como hoje,
que penso em escrever para aliviar minha dor.
Aline se foi num sábado
frio. Não teve tempo de se despedir.
Ela terminaria o Poema
da Vida naquela tarde. Mas algo saiu errado. Ela não
voltou para casa. Não senti seu cheiro invadir a
sala.
E naquele sábado
de vento frio o telefone tocou. Pensei que fosse Aline,
não era. Uma voz enlouquecida narrava o desastre.
Aline não mais
voltaria. O assaltante também assaltara sua vida,
e pedaços da minha.
Nos curtos dois anos
em que ficamos casados, Aline me confidenciou muitos sonhos.
Sonhei alguns junto com ela; outros ela sonhou sozinha.
O estranho é
que ainda a sinto. Depois do 4º mês pensei que
fosse me recuperar, mas Aline se foi há sete meses.
Preciso fazer a barba,
cortar o cabelo. Preciso reagir!
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2007
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Gledson
José Machado é jornalista, amante
da literatura, da poesia e das escritas. É assessor
de comunicação da Açoforja. Escreve
todas as quintas-feiras. E-mail: gledsoncd@gmail.com
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