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Baby Boom
     
 
 
     

E num dos meus vários momentos marginais e não profissionais taquei uma fita K-7 de um curso de inglês no ventilador da sala de aula.

 




21/01/08

Travessuras na sala de aula

Simon Frith, pesquisador da sociologia da juventude diz:

Todos os jovens ocupam uma posição de transição semelhante assim que saem da família em que foram criados para o sistema econômico e social ao qual devem afinal adequar-se; todos os jovens possuem, em outras palavras, um status marginal. Quer seja na escola, na faculdade, quer no aprendizado ou em trabalhos não profissionais...

E num dos meus vários momentos marginais e não profissionais taquei uma fita K-7 de um curso de inglês no ventilador da sala de aula. Foi o Renato Sacurai, um amigo de loooonga data, que lembrou o episódio.

Lá na frente do quadro verde a professora Marluce, de geografia, explicava as correntes de ar do país. Que é a MPA, a Massa Polar Atlântica, a responsável por abaixar as temperaturas na região sudeste do Brasil.

Segurei a fita magnética com os dedos de uma mão e, com a outra, arremessei o objeto pro alto, como uma verdadeira serpentina de brincar carnaval. O artefato que falava noutra língua atingiu seu alvo na parte central do teto, num vôo rasante certeiro.

Após o estrondo, a fita enroscou-se e girou bonito presa às hélices de metal.

Todos se voltaram. A zorra estava feita. Não havia mais condições da professora Marluce, uma morena de cabelo chanel, impreterivelmente com batom vermelho nos lábios grossos, ajeitada até, que adorava trajar saias para lecionar, seguir em frente com as massas de ar.

A manobra atrevida alcançara êxito. Era complexa, pois não bastava apenas acertar o alvo, precisava-se deixar a fita K-7 enroscada, voando e girando a todo vapor.

Mas o sucesso na vida das pessoas, às vezes, dura pouco. Não tardou surgir a pergunta que deixa o sujeito culpado com calafrios na barriga: “quem foi o responsável?”.

Eu não sairia ileso. Diante da primeira ameaça de “se não aparecer um culpado, a sala toda será punida”, fui entregue, como Tiradentes.

Agora, lá estava eu à frente da terrível (e temível) dona Solange - uma gordinha, de cabelos louros curtos tingidos e óculos retangulares, com o cordãozinho pra pendurar no pescoço – ouvindo sermão.

Na agenda escolar um recado pra dona Nice, em vermelho, em tom de indignação. Isso não se faz. O fóda era que a dona Nice é também professora e deve odiar engraçadinhos que gostam de acabar com a aula fazendo gracinhas.

Mas aquele não seria o primeiro, nem o último recado em vermelho, nem a primeira, nem a última vez que eu freqüentaria a pequena sala da dona Solange.

Era-se o tempo em que andar com a turminha do mal, tacar papel nos outros, fazer piadas, atrapalhar as aulas chatas e sentar-se no fundo da sala, eram sinônimos de coisas legais, que valiam pontos na conquista das meninas da sala.

 

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2007

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Gabriel Pansardi Ruiz é jornalista ainda não graduado, reside em Bauru-SP e gosta de rock ´n roll. É editor do jornalístico cultural "Revista Ponto e Vírgula", veiculado pela web rádio Unesp Virtual, onde também produz reportagens para os programas "Raiz Social" e "Ecoando". Mais escritos no seu blog. Escreve todas as segundas. E-mail: gabrielpruiz@yahoo.com.br


   
 

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