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Baby Boom
     
 
 
     

A história de sempre nas ruas da periferia das grandes Rio ou São Paulo. Hoje, são a mesma coisa. Fora confundido com um bandido. Não houve tempo.

 



12/02/07

Rodo cotidiano

Acordara morto com um tiro no estômago e outro no peito, na altura do coração. O lençol, de rósea ficara ruborizado. Suas últimas palavras: "Não façam mal ao bebê, é uma criança!"

A história de sempre nas ruas da periferia das grandes Rio ou São Paulo. Hoje, são a mesma coisa. Fora confundido com um bandido. Não houve tempo, sua mulher apenas implorava, gritava, berrava; acabou com hematomas. Segundos antes de sentir queimar o abdômen pela rajada de tiros, a cena na televisão, um site ( http://www.riobodycount.com.br/ ) mostrava os números de mortos no Estado carioca.

No velório cantavam um samba que dizia:

Ooo mulatava vem pra cá dançar
vem pra cá, vamos ser felizes
a hora é agora, não se pode esperar

Nos morros, nas favelas e algum lugar esparso, as mortes dos "considerados" são motivos de festa e bebedeira. Aliás, quando eu morrer não quero aquela música tosca nos alto-falantes da igreja anunciando um funeral. Além das inevitáveis lágrimas quero rock ´n roll, como também quer minha mãe, Raul no velório dela...

Quatro horas antes de morrer na mesma cama onde "fabricara" sua linda criança, atendera uma vítima da miséria, fome, da falta de oportunidade e do subdesenvolvimento. Tinha a modéstia de nunca deixar que alguém passasse na porta de sua casa sem sair dali com algum "sustento". Naquele dia não fora diferente. Porém, além do pedaço de bolo e uma banana, dera ao mendigo 50 centavos para a pinga. O indivíduo foi sincero:

"ó, agora eu vo fala uma verdade! To com fome, mas queria muito tomar é uma cachaça. Com todo o respeito perante a sua pessoa, se o senhor puder ajudar o irmão aqui..."

O mendigo com a moeda nos bolsos e a comida no saco pedia que Deus abençoasse a ele e a família sem parar, insistentemente, chegava a ser cansativo. Quando já estava na esquina voltou e disse novamente:

"Obrigado senhor, fique com Deus".

Ficou pensativo, mas não podia imaginar que realmente teria a desonra de morrer confundido com bandido, como acontecera a um colega de trabalho há 2 semanas e que, naquele mesmo dia, "ficaria com Deus".

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Gabriel Pansardi Ruiz é jornalista ainda não graduado, reside em Bauru-SP e gosta de rock ´n roll. É editor do jornalístico cultural "Revista Ponto e Vírgula", veiculado pela web rádio Unesp Virtual, onde também produz reportagens para os programas "Raiz Social" e "Ecoando". Mais escritos no seu blog. Escreve todas as segundas. E-mail: gabrielpruiz@yahoo.com.br


   
 

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