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No país, em termos gerais, os setores da sociedade só funcionam adequadamente, quando particulares.No meio público, quando a coisa é de responsabilidade do Estado ou do Governo federal tem-se a impressão de que “estão fazendo um favor”

 



08/04/07

O causo da pane no coletivo
No país funcionários públicos pensam que estão prestando favores à população. O setor privado parece ser a solução para a educação e saúde. Pena que nem todos podem pagar por isso.


Dia atípico. Encontrei pessoas na rua e surgiu cada história.

Um ônibus coletivo. Não muito lotado. O casal coroa retornava da casa da filha, onde havia ido tomar café da tarde. Um mal estar.

- Querida, não to me sentindo muito bem, vamos pra casa?

- Vamos, mas é o que é que está sentindo, é o caso de hospital? – disse a esposa preocupada.

- Não, não deve ser nada. Só quero ficar mais tranqüilo em casa...

No coletivo:

Observava os carros na rua, pensava na filha. Olhou para o lado quando ouviu a frase “to mal” e os olhos já se reviraram. Não houve tempo, as pontas dos dedos incharam, a região abaixo dos olhos também e os batimentos acelerados.

Desesperada, a única coisa que pôde fazer foi gritar socorro, literalmente. Deus coloca os anjos para proteger os seus filhos. Havia no ônibus três enfermeiras que retornavam do expediente ainda com os instrumentos de trabalho. Mediram a pressão e de dentro do coletivo uma delas já acionou o resgate. A situação, ao menos, parecia estar controlada.

Porém, o resgate começava a demorar. O motorista ameaçou: “se a viatura não chegar a dois minutos, vou levar este homem de ônibus mesmo. Quem quiser ir junto vai, quem quiser pode descer por aqui.”

Instantes depois o barulho da sirene rasgava as ruas. Estava bem próxima. Deram graças a Deus. Os homens entraram, colocaram o coroa na maca e todo o procedimento foi tomado. Possuíam assistência médica particular, entretanto como não haviam pagado a última mensalidade e estavam sem a carterinha, deram entrada pelo SUS. Após o atendimento, a maca com o soro foi colocada num corredor junto com outras tantas. Eram pessoas que não tinham poder aquisitivo algum. Na maca da frente um motoqueiro agonizava, uivava de dor. Na de trás, um defunto coberto. Ao lado, um rapaz com os pés e as mãos enormes de tão inchados.

- o senhor não foi atendido? – perguntou a esposa após observar as condições deste último.

- Estou com esse soro aqui, me deixaram de molho esse corredor por três dias já...

Permanecerem por mais de 7 horas, convivendo com gente de todo o tipo no corredor do hospital. Pessoas eram atendidas e ali iam ficando.

Foi então que o filho do casal chegou e livrou-os daquele terror típico de hospitais públicos. Resolveu a situação. Logo seu pai estava sendo transferido para um quarto com vários mimos, enfermeiras entrando e saindo a toda hora. Água a vontade, tv, banheiro limpinho e o caralho.

No país, em termos gerais, os setores da sociedade só funcionam adequadamente, quando particulares. Assistência médica e plano de saúde; escolas, porque as públicas, diz a lenda, estão sucateadas, ainda que possam ter professores bem intencionados. No meio público, quando a coisa é de responsabilidade do Estado ou do Governo federal tem-se a impressão de que “estão fazendo um favor”. E quem não tiver grana para pagar para ser atendido decentemente como um ser humano (mas o que significa isso hoje?), estará à mercê, infelizmente, da coisa pública. Aí sabemos todos, é aquela demora e burocracia toda...


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Gabriel Pansardi Ruiz é jornalista ainda não graduado, reside em Bauru-SP e gosta de rock ´n roll. É editor do jornalístico cultural "Revista Ponto e Vírgula", veiculado pela web rádio Unesp Virtual, onde também produz reportagens para os programas "Raiz Social" e "Ecoando". Mais escritos no seu blog. Escreve todas as segundas. E-mail: gabrielpruiz@yahoo.com.br


   
 

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