OPPERAA
 
Baby Boom
     
 
 
     

Ilustração de Pedro Correa.

Retirada daqui:
http://www.flickr.com/photos/pedrohcorrea/

 

19/11/08
GET OFF YOUR CLOSET

Descobriu o nome por acaso. Ouviu um sussurro de algum lugar. Estava no ônibus que pegava diariamente e nele passava grande parte do dia. Sempre que entrava no lotação via aquele rapaz, sempre como o mesmo ar de insinuação para qualquer um que passasse ao seu lado. Alto, moreno e muito bem apessoado. Assim era o homem por quem havia se interessado. Nunca pensou em ter qualquer tipo de relacionamento homossexual, porém, esse cara mexia com alguma coisa muito profunda dentro dele. Algo que não havia sentido por ninguém. Ao vê-lo suas pernas constantemente vacilavam, de forma que, qualquer coisa poderia causar sua queda, mesmo uma curva do transporte. O coração bate de forma acelerada e a sensação de torpor toma lhe de assalto.

Metódico, o alvo, ou melhor, o objeto de desejo deste nosso personagem que por si só já era um homem que precisava de atenção e Pablo, nome do michê, que sempre estava a encarar os passageiros do ônibus sempre no mesmo local do transporte, ou melhor, sempre estava na porta do meio, perto da roleta. Ali, ele tinha uma visão privilegiada e por várias vezes cruzaram os olhares buscando saciar àquilo que neles faltavam. O vazio eterno que preenche a vida dos indivíduos e o pensamento em seu umbigo. Seu próprio mundo, ao ego, antigo como a civilização humana. Desde o seu surgimento e a preocupação consigo próprio. E parte da formação da mente do homem. Portanto, a procura de um outro indivíduo está relacionada a reação e carências do próprio individuo. Em Pablo estavam todas as carências, de nosso personagem carente e, cada detalhe daquele corpo talhado em mármore, de perfeições gregas, atraía o jovem homem. Este que sonhava todas as noites com seu companheiro de viagem não agüentava mais a distância e a troca de olhares, ou melhor, apenas ter os olhares daquele "Deus".

Um dia resolveu aproveitar do trânsito e deixou ser levado para cima do corpo do rapaz, que ficou observando todo o estratagema e achando graça da situação, compreendeu de pronto que aquela atitude era na verdade uma forma de o homem se aproximar dele.

- Desculpa! Disse nosso personagem.
-Que isso! Em tom irônico e risonho. Respondeu Pablo.
-Não esperava que o ônibus fizesse uma curva tão acentuada.
-Eh! Mesmo?! Disse Pablo sorrindo.
E àquele sorriso entorpercia nosso jovem que começou a ter certeza de
suas duvidas, naquele instante.
O coração batia acelerado.
Pablo disse:
-Tenho reparado em você dentro do ônibus e vejo que desce sempre no
mesmo local. Você é vendedor?
Nosso personagem respondeu:
-Não sou empresário, só não gosto de usar roupas muito sérias.
-Mas você? Empresário? Nunca imaginaria. Você não parece empresário!
E que não gosto de dirigir durante a semana. Ainda mais porque a
cidade fica muito cheia.
-E eu ultimamente tenho tido motivos para pegar ônibus, sabe? Em tom irônico.
-Sei! Disse Pablo.
Vestindo camiseta branca quase transparente deixando seus músculos, extremamente, destacados e rijos, a calça clara e justa deixava nítidos e definidos os músculos das pernas, exatamente como uma estatueta grega. Como o corpo de Davi. O que dava uma sensação de segurança. Chegaram ao ponto de Pablo, ele abriu um enorme sorriso e pegou a mão de nosso indeciso personagem e, a partir daí, ele nem pensou em nada seguiu o jovem esculpido em beleza e foi até sua casa.

Lá resolveu o que queria de sua vida!


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Frederico Caiafa é Estudante de Letras - Born in 80’s. Daqueles curiosos que não desistem de conhecer algo desconhecido. Tento transcrever em cada linha aquilo que vivo ou crio, não tenho muita certeza do limite nesta relação, porém, me arrisco na corda bamba sem pensar duas vezes.


   
 

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