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Os mais atentos observariam, ali, no meio da pequena multidão, uns caras pintadas, uns narizes de palhaço, umas bonequinhas com fitas no cabelo. Fantasias e adereços que revelavam o óbvio: era show d’ O Teatro Mágico.
 

03/09/07
Tudo numa coisa só

Quem passasse pela porta do Lapa Multishow, no fim daquela noite de sábado, 25 de agosto, seria incapaz de definir, pela platéia, qual era a atração musical do dia. Uma fila, absolutamente heterogênea – com gente de tudo quanto é tipo, de tudo quanto é idade e de tudo quanto é lugar – se estendia pela rua Álvares Maciel ansiosa pelo show de logo mais, inédito na capital mineira. Os mais atentos observariam, ali, no meio da pequena multidão, uns caras pintadas, uns narizes de palhaço, umas bonequinhas com fitas no cabelo. Fantasias e adereços que revelavam o óbvio: era show d’ O Teatro Mágico.

O óbvio, nem tão óbvio assim. Afinal, a trupe de Osasco, São Paulo, que vem lotando casas de espetáculos no Brasil inteiro, já vendeu mais de 50 mil cópias do CD “Teatro Mágico – Entrada Para Raros”, virou febre na internet (possui mais de 70 comunidades no Orkut, sendo que a maior delas tem mais de 60 mil usuários, mais de 2 mil vídeos no YouTube, cerca de 120 acessos/mês no site www.oteatromagico.mus.br), mas não tem música de trabalho tocando no rádio – tampouco nas novelas – nunca participou de um programa de auditório dominical e, sequer, tem gravadora.

O grupo é prova genuína de que, quando o amor pela arte e o desejo de levar uma mensagem positiva para as pessoas, estão acima de qualquer anseio capitalista, as coisas podem dar certo. E eles não deixaram dúvidas quanto a isso, naquela inesquecível noite no Lapa.

Com cerca de uma hora de atraso, a trupe subiu ao palco e o frontman Fernando Anitelli, no melhor estilo bom moço, foi logo tratando de se desculpar e contar o motivo do atraso: a espera por caravanas de fãs que haviam partido de diversos lugares de Minas e do Brasil só para estar ali, naquele show. Desculpas mais que aceitas e Anitelli, acompanhado de DJ, músicos, palhaços e bonecas deu início ao espetáculo de encher os olhos, os ouvidos – naturalmente – e os corações.

As maquiagens e os figurinos dos integrantes e o cenário cheio de cores indicavam aos mais desavisados – se é que ali havia algum – que aquilo estava longe ser apenas mais um show de música. Logo nos primeiros versos entoados por Anitelli – “Por que é que não se junta tudo numa coisa só?” - estava sintetizada a idéia do que é O Teatro Mágico: música, folclore, cancioneiro popular, circo, poesia, teatro: tudo numa coisa só. Tudo mantendo a idéia inicial de Fernando Anitelli, surgida em 2003, de fazer do TM um grande sarau onde tudo é permitido: declamações de poemas, trapézio, malabares, tecidos, intervenções teatrais. Onde o público está diretamente ligado aos artistas pela força de suas letras – recheadas de versos simpáticos como: “Amanheça brilhando mais forte, que estrela do norte, que a noite entregou” ; “O fim é belo, incerto, depende de como você vê. O novo, o credo. A fé que você deposita em você e só”; “Como entender que os dois, por serem feijão e arroz, se encontram só de passagem”; “Que o teu afeto me afetou é fato”; “Errado é aquele que fala correto e não vive o que diz”– sem qualquer barreira física, como seguranças ou grade de isolamento.

Impossível não se emocionar diante de tanta criatividade e boa vontade. Impossível dar de ombros às palavras mágicas. Impossível não querer piratear o CD da trupe (coisa não apenas aprovada, como recomendada por Anitelli. “É assim que as pessoas ficam conhecendo a gente”) e presentear a todos os nossos amigos. Impossível não se orgulhar de ser um “raro” – apelido pelo qual são conhecidos os fãs de TM.

Quem experimenta, sai melhor que entrou e com uma vontade incontrolável de viver um pouco mais daquela experiência. Para isso, um paliativo: lá, ao fundo, uma lojinha, com DVD’s, CD’s e camisetas do grupo, montada por um simpático senhor, o orgulhoso pai de Fernando Anitelli. Tudo muito família, tudo muito intimista. Assim é O Teatro Mágico.

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Fernanda é jornalista, pós-graduanda em Gestão em Comunicação Corporativa. Trabalha como assessora de imprensa e ainda não sabe ao certo o que quer fazer da vida. Certeza, só uma: gosta desse negócio de escrever. "Tem que ter porquê?".
E-mail: ferdipinho@gmail.com



   
 

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