OPPERAA
 
Baby Boom
     
 
 
     
Sinto que a minha tolerância deveria ser infinita ao pensar que se trata apenas do início da minha carreira e que é normal colecionar sapos no estômago até se gerar um câncer ou se conseguir um emprego melhor.
 

09/07/07
Sobre sapos e formigas

De repente, eu me sinto culpada por não aceitar desaforos de um velho ranzinza e de mal com a vida. Sinto que a minha tolerância deveria ser infinita ao pensar que se trata apenas do início da minha carreira e que é normal colecionar sapos no estômago até se gerar um câncer ou se conseguir um emprego melhor.

Sinto que não estou cumprindo meu papel social ao não me manter trancada durante dez horas do meu dia em uma instituição privada trabalhando duro para que enriqueçam logo através da minha incessante produção.

Sinto que deixei de lado as minhas obrigações de profissional formada e cidadã adulta ao não conseguir pagar minhas contas e questionar o desrespeito ao piso salarial de minha classe. E não importa o quão qualificada eu seja porque eu estarei escondida o bastante atrás de muito trabalho para que seja possível enxergar novas possibilidades.

Não penso mais em contrariar pessoas tão superiores a mim em quesitos que, habitualmente, não adquirimos na faculdade, como arrogância, prepotência e amizades influentes. Não busco mais esse idealismo de sarjeta, livre de esquemas e fiel à ética e ao bom senso, pois o que resta a pessoas como eu é tão somente abaixar a cabeça e bater o cartão.

Sinto que, por ora, não há solução diferente de me conformar com a estúpida realidade e me submeter àquilo que não concordo, me juntando, enfim, à massa de operárias que dedicam total respeito à rainha.


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Cristina Mereu é formada em jornalismo pelo Uni-BH, adora internet, cinema, fotografia, música e literatura. E escreve mensalmente para a coluna Trejeitos. E-mai: cristinamereu@gmail.com


Sobre a coluna Trejeitos

Cada qual do seu jeito, cada um com seu trejeito. O que não muda é o amor à profissão e a vontade de registrar em palavras o que não pode ser esquecido: a capacidade de falar por aquele que cala, a crítica, o bom jornalismo, a denúncia, os vários ângulos, as diversas histórias, o lirismo.

Nesta coluna, o leitor encontra crônicas escritas sob a ótica de três diferentes estilos. Os jornalistas Ariadne Lima, Cristina Mereu e Guilherme Amorim escrevem sobre temas variados a cada semana, partilhando com o público, cada um, um jeito diferente de enxergar a vida.


   
 

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