
21/08/07
Onde está a resposta?
Acontece hoje (21/08), na Assembléia
Legislativa, uma audiência “secreta” das
comissões que investigam os misteriosos desaparecimentos
de crianças e adolescentes. Na reunião, devem
ser apresentadas revelações importantes sobre
o sumiço dessas pessoinhas que deixaram um enorme
vazio nos corações de seus pais, mães,
irmãos, tios, avós, etc. Esperamos que algumas
delas, ou pelo menos uma, seja concreta.
04/03/02006 – Douglas
Ferreira de Freitas, hoje com 13 anos, visto pela última
vez no ponto de ônibus da Av. Pedro I, em frente à
Vila Olímpica, região de Venda Nova.
09/08/2006 – Pedro Augusto
Santos Prates Beltrão, hoje com 12 anos – Visto
pela última vez numa papelaria na Rua da Bahia, região
central de Belo Horizonte.
*13/07/2006 – Um corpo
de uma criança bóia nas águas poluídas
do Arrudas, próximo a Mata do Inferno, na altura
do bairro General Carneiro, região Leste. O corpo
era de Daniel Almeida da Silva. Ele havia sido morto três
dias após ter desaparecido. Mas a confirmação
do assassinato só veio 10 meses depois. O garoto
era filho adotivo e a mãe biológica não
concordava em fazer o exame de DNA. O resultado saiu começo
do mês de julho. Mas, volto neste assunto nas próximas
linhas.
14/08/2007 - João Vitor
de Oliveira, 7 anos, visto pela última vez em uma
lojinha perto da casa dele, no bairro Eldorado, em Contagem,
na região metropolitana de Belo Horizonte. Ele havia
ido comprar um presente para o pai, que estava fazendo aniversário.
Esses são apenas alguns
dos casos de crianças e adolescentes desaparecidos
em nossa cidade. Por traz de cada um deles ventila uma assustadora
hipótese: ritual de magia negra. Agravante: praticado
por policiais – um Civil e outro Militar. Antes, a
questão parecia estar numa esfera privada. A denúncia
partiu da ex-esposa do policial civil, que levou os filhos
(duas crianças) ao Ministério Público.
Os pequenos prestaram depoimentos e teriam confirmado que
o pai abusava sexualmente deles e teria feito isso com uma
outra criança. Em depoimento, eles teriam dito que
viram o pai arrancando o coração de um garoto.
Tempos depois, o laudo de necropsia 73752/06, do pequeno
Daniel Almeida, revelou que o corpo chegou ao Instituto
Médico Legal sem o coração e os testículos.
Veio a suspeita: o menino foi mutilado em um ritual de magia
negra?!? O médico legista afastou a possibilidade
de que o órgão pudesse ter sido devorado por
animais. Isso está escrito em um documento entregue
ao Ministério Público.
Então o que era considerado
briga de casal tomou uma proporção cuja resposta
ainda não veio à tona.
E as mães?
Não agüentam mais
derramar lágrimas. Certo dia uma delas, se não
me engano, a do pequeno Pedro Augusto Beltrão, disse:
“A saudade não deixa que as lágrimas
sequem”.
Onde está a Divisão
de Desaparecidos? Onde estão as pistas? Porque tudo
está correndo a portas fechadas? Seria para “proteger”
a imagem do Estado em prol de um governante (há quem
diga futuro presidente do Brasil) com pretensões
bem claras? Estado esse que se mostra cada dia mais frágil
e incapaz de resolver uma questão da maior importância
– Segurança Pública – razão
de Sua existência (do Estado).
Quem vai dar uma resposta a
essas famílias? Quem vai sossegar o coração
dessas mães? Quem vai dizer algo à sociedade?
E se a polícia estiver
envolvida nesses desaparecimentos?
Quem vai pagar a conta?
O que é pior:
A incerteza – Desaparecimento. Onde, como, quem está
com a criança?
A certeza – Da morte*.
* pelo menos o martírio
acabaria. As procuras cessariam. E as lágrimas viriam
em tempos certos e reais.
Leia também
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chances de dar certo, se for bem feito
07/08- Não
adianta chorar o leite derramado, mas vale reclamar o empedrado
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Camila
Dias é jornalista poilicial, pós-graduanda
em Criminologia pela UFMG. Escreve aqui toda terça-feira.
Fale com ela: camilajrn@yahoo.com.br
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