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O que de fato é interessante no longa é que uma cidade que respira o fanatismo religioso e que, para muitos, mais parece um museu aberto composto por uma mistura de antigo e moderno, que convivem nos bairros, ruas, ruelas e becos cheios de vida e de contrastes, possui tantas facetas contraditórias que nada mais são do que o reflexo de uma sociedade doente e um tanto quanto hipócrita.

 

21/11/07
O Edifício das mazelas

Localizado no centro de uma cidade situada nas margens do Rio Nilo, sede da Liga Árabe, capital e maior cidade do Egito (com cerca de 15,9 milhões de habitantes), o Edifício Yacoubian não representa somente uma antiga e charmosa construção da cidade do Cairo, erguida em 1930. Mais do que isso, esse prédio serviu de palco para a realização do mais caro e mais polêmico filme egípcio já rodado.

O Edifício Yacoubian (Omaret yakobean, 2006), do diretor Marwan Hamed, é um longa que conta a história de vários personagens que, em comum, têm apenas o endereço: o prédio que nos velhos tempos era considerado luxuoso, mas que, atualmente, é apenas um edifício decadente.

A receita do sucesso do filme, que lhe possibilitou vôos maiores e quebra de recordes, foi o simples fato de ter tratado de assuntos proibidos no Egito, tais como homossexualidade, prostituição, corrupçaõ, drogas e liberdade.

Assim como em qualquer cultura e sociedade do planeta, o povo árabe também tem os seus tabus e assuntos que são melhor evitar. Aos já citados anteriormente, pode-se acrescentar o álcool, a violência policial e a política. Entretanto, em Edifício Yacoubian, o contrário é o que acontece. Tais exemplos são plenamente colocados em pauta. Tão polêmico e crítico é o filme que mais de cem políticos egípcios pediram ao Parlamento que fossem feitos cortes na película.

O que de fato é interessante no longa é que uma cidade que respira o fanatismo religioso e que, para muitos, mais parece um museu aberto composto por uma mistura de antigo e moderno, que convivem nos bairros, ruas, ruelas e becos cheios de vida e de contrastes, possui tantas facetas contraditórias que nada mais são do que o reflexo de uma sociedade doente e um tanto quanto hipócrita. Achei isso tão importante que até ignorei o fato de o filme ser bem cansativo, com suas três horas de duração. Um excesso, que talvez possa ser explicado pelo fato de o diretor ser um estreante em longas-metragens. Mas creio que isso não explique o lamentável desfecho melodramático carregado de falta de sutileza.

Enfim, baseado no romance homônimo, best-seller no Egito, de Alaa Al Aswany, O Edifício Yacoubian entretém, mas, do ponto de vista da produção cinematográfica, pode não convencer. Sorte que nem sempre este é o quesito mais importante.

 

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Alan Terra é jornalista, acha que é escritor e se mete a enteder sobre vários outros assuntos. Escreve aqui todas as quartas.
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