OPPERAA
 
Baby Boom
     
 
 
     

Um jardim de estrelas brilha sob o céu de flores. O raiar da lua cobre um sol sem cores. O bater do cérebro anuncia o pensar do coração e o cair da vontade acende o despertar da desilusão. O valor da vaidade se equipara ao mal da paixão que são enfrentados pelo sentir de verdade e pela coragem da emoção.

Reprodução: O Jardim das Delícias Terrenas, de Hieronymus Bosch (1450-1516). Exposta no Museu do Prado, em Madri, Espanha. 2,20x1,95cm (centro), 2,20x97cm (laterais).

 

03/10/07
A minha visão

Na frente, o meu rosto. No meu rosto, meus olhos que olham para frente avaliando minha quietude intensa. Pouco mais de um segundo. De repente, sem repente, meu coração dispara. Não pára. O seu bater é apenas o que eu escuto. Susto. Fecho os olhos e abro. Macabro. Batimentos normalizados, visão desembaçada e tensão relâmpago terminada. Olho-me de novo. Ainda solitário. Já é tarde. Não queria dormir, não queria ficar acordado.

Chove lá fora. Abafa aqui dentro. Sinto-me sufocado. Quero soltar-me, sair, liberdade. Não apresento mais resistência, sinto-me fraco. Como tentar reagir? Pessoas me cercam, me apertam. Desagradável. Penso. Não saio do lugar. Afundo de um fundo mundo ao submundo de um imundo fundo. E nesse mundo asmático e profundo vivo eu, sozinho e moribundo.

Por que não se mostrar? Por que ter vergonha? Por que não chorar? Limpa a alma e tranqüiliza, em todo o corpo, o maior poro. Sinto-me carente. Nisso, coisas embaraçadas passam em minha mente. Às vezes machucam, ou melhor, quase sempre. O espanto do pranto, a segurança da confiança, o ferrão da solidão e a aliança da esperança.

Por que os bons morrem cedo e os maus nem sequer sentem medo? Por que a beleza do velho falece enquanto a tristeza do novo resplandece? Somente os bons morrem cedo. Somente os bons sentem medo. Os maus não. Creio que, na verdade, eles temem o medo.

Um jardim de estrelas brilha sob o céu de flores. O raiar da lua cobre um sol sem cores. O bater do cérebro anuncia o pensar do coração e o cair da vontade acende o despertar da desilusão. O valor da vaidade se equipara ao mal da paixão que são enfrentados pelo sentir da verdade e pela coragem da emoção.

Nem tudo que reluz é ouro. Viver também dói. Porém, há - realmente - males na nossa bela vida que vêm para o bem. Mas em alguns momentos acho que não. Pelo sim ou pelo não, prefiro ficar com o então. E no mais, resta-me esperar e me guardar “pra quando o carnaval chegar”.

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Alan Terra é jornalista, acha que é escritor e se mete a enteder sobre vários outros assuntos. Escreve aqui todas as quartas.
Fale com ele: alanterradutra@gmail.com


   
 

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